quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Mais Macho que Muito Ômi

Nena, Nena, Nena
Doce Nena
Se você fosse Filomena
Philomena
Seria rima
Não uma solução.

Que o diga Pagu
Rite Lee

Bruuuuja
Buuuunda
Silicoooone
Brasileira
Feiticeira
Faceira

Carvão queimado
Na fogueira da inquisição
Municipal
Pau
Mau
Mal.
Quintal do Quintão

DIA 31-10 É DIA DO SACI

Entrevista com Mouzar Benedito – www.aletria.com.br

Aproveitando as comemorações em função do Dia do Saci e seus Amigos (em 31 de outubro), a Aletria procurou o saciólogo, jornalista e escritor mineiro Mouzar Benedito - um dos fundadores da Sosaci e idealizador da campanha Saci para Mascote da Copa do Mundo de 2014 para uma conversa sobre a escolha desse mito em 2014. Veja a entrevista abaixo.
A – O que é a Sosaci?MB - A Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci) - é uma ONC (Organização Não Capitalista) que surgiu a partir de uma reunião de amigos num bar de São Luís do Paraitinga, pequena cidade do interior de São Paulo, para defender a cultura popular brasileira, nossos mitos etc.A - Quais são os objetivos da Sosaci e quais atividades vocês desenvolvem?MB - Defender a cultura popular brasileira e comemorar nossos mitos. Propusemos a comemoração do Dia do Saci e seus Amigos (Iara, Boitatá, Curupira, etc) no dia 31 de outubro, para contrapor ao raloin (*halloween). Isso já está sendo feito em vários lugares. Há leis aprovadas e sancionadas de comemoração do Dia do Saci no estado de São Paulo e nos municípios de São Luís do Paraitinga (SP), Fortaleza (CE), Vitória (ES), Pouso Alegre (MG), São José do Rio Preto (SP), além de projetos de lei correndo em vários lugares.
A – Quais as origens do Saci?
MB – Ele é a síntese do povo brasileiro: teve origem indígena (Guarani), virou negro e ganhou o gorrinho vermelho europeu (vários mitos europeus têm gorrinhos semelhantes. Inclusive, ele foi usado também pelos republicanos durante a Revolução Francesa). O Saci traz em si os três grandes povos formadores do brasileiro. Ele só não tem nada de oriental, porque os orientais chegaram aqui no início do século XX, quando o Saci já estava pronto.
A - Por que o Saci seria o mascote ideal para a Copa de 2014?
MB - Ele é libertário (preso e acorrentado por uma perna, segundo uma lenda, preferiu cortá-la e fugir; ser livre perneta do que escravo com duas pernas). E mais: nestes tempos em que se fala tanto de meio ambiente, ele é protetor da floresta. Todos os mitos indígenas são ligados ao meio ambiente. Mais ainda: sendo negro (como a maioria dos nossos jogadores de futebol), quer dizer, de uma raça vítima de preconceito, perneta e pelado, é alegre e brincalhão - coisa típica de brasileiros. E já que se fala tanto em acabar com os preconceitos, tá aí, um perneta negro...
A - Quais as estratégias para que essa campanha seja vitoriosa?MB - Não temos uma estratégia pronta e acabada. Queremos mobilizar a população para pressionar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) porque é ela quem deve decidir.A - Como as pessoas serão estimuladas a participar?MB - Pela publicação de matérias em jornais e revistas, entrevistas na TV e no rádio, pela militância de pessoas, realização de eventos....
A - O que é preciso fazer para aderir à campanha?MB - Basta defender a idéia, escrever para a CBF ou mandar mensagem para ela. Divulgar onde for possível, escrever, dar entrevistas e fazer isso que vocês estão fazendo: divulgar pela internet.A - A idéia do Saci Mascote sofreu algum tipo de retaliação?MB - Não. Há alguns preconceitos. Alguns são contra porque ele é fumante, mas fumar pode fazer mal pra gente, não pra mito. A gente esclarece isso para as crianças, principalmente. Aos adultos, lembramos que mitos não são quase nunca "politicamente corretos", bastando ver o romano Baco, que promovia bacanais com grandes bebedeiras; os gregos Édipo, que transava com a mãe e Eletra, que transava com o pai. Júpiter (romano) tinha várias amantes. Em toda a mitologia grega e romana há assassinatos de irmãos, pais, etc.
A - Agora a pergunta que não quer calar: algum de vocês já viu um Saci?MB - Nosso lema é "Já vi um"... Não podemos desmentir, né?
A - Para finalizar, de onde vem essa paixão pelo Saci?MB - Pelas características dele como ser brincalhão e alegre apesar de todas as suas deficiências. Por ter sobrevivido à demonização feita pelos europeus e se transformado através do tempo. Por ser o mito brasileiro mais conhecido. Enfim, por ser tão brasileiro.
(Por Ana Paula de Oliveira)
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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

OS PICA-PAUS 2

- Benito!
- Eim? Ah! Brasil, é você?
- Sim.
- Mas meu amiguinho, que tristeza é essa?
- A Diva... Ela... Ela morreu. Chora o pica-pau.
- Que isso? Como?
- Ela pousou no asfalto um minutinho e um carro a pegou.

Minhas lágrima me impedem de falar por quase um minuto.

- Fiquei a noite toda numa árvore chorando. Amanheceu e um motoqueiro a pegou. Ouvi ele dizer que vai aproveitar seu bico para fazer um brinco e de suas penas uns colares. E outros enfeites com seus pezinhos.

Não tenho palavras. Sei que é bom que ela seja útil, mas gostaria que ela não fosse usada para algum ganancioso ganhar dinheiro às suas custas.

- Talvez tenha sido melhor assim, Benito, pois na mata ela seria apenas comida de vermes. Mas agora o seu final não será um fim.
- Brasil. Que bom que pensa assim. Gostaria que vocês tivessem algum ritual religioso... Ou vocês têm e eu não sei?
- Temos não.
- Bem, como eu ia dizendo, o que eu quero dizer, seria bom que a memória dela fosse respeitada pelos outros, como é para nós dois e não apenas mercantilizada. Espero que o sujeito que a pegou não seja mísero mercenário, mas que tenha algum respeito.
- Também espero. No mundo as pessoas acham que o meio ambiente não tem vida ou se tem não vale nada. Sua função é servir ao homem.
- E o homem é apenas uma parte do meio ambiente... E nos achamos o senhor enquanto o meio ambiente é escravo para ser explorado... Ah! Maldita visão cristã. Por isso, digo, Brasil, que tenho tanto amor a Cristo que não posso ser cristão. E olha que tem a visão da Teologia da Libertação que é melhorzinha, melhor mesmo. Mas a “Regressão Antipática Caquética”... Deus os perdoe. É a inquisição, que de santa não tem nada, querendo infernizar a Terra de novo. Com esse tal de Maledito XVI, então? Cê sabia que ele, enquanto Cardeal, já esteve em Ipatinga?
- Não!
- Sim! Ele expulsou um Padre e alguns Frades que trabalhavam pelo povo e não pela escravização humana, como a Igreja sempre fez.
- Benito! Eu sei que eu e Diva somos apenas passarinhos e muitos humanos não nos dão valor. Apenas nos exploram. Mas porque o ser humano é louco no trânsito? E fazem de tudo para acabar com os “pardais”, aquelas máquinas?
- É pela sanha em correr a toda, não se importando com a vida alheia. Eles dizem que o “pardal” cerceia a liberdade deles e os multam injustamente. Mas penso, sem medo de ser feliz, que a liberdade de prejudicar alguém deve ser impedida mesmo. Se eles têm liberdade de correrem a toda sem pensar nos outros nós temos a liberdade de não aceitar e lutar para que eles sejam barrados. E não adiante dizerem que não querem correr, por isso o “pardal” é errado. Se eles tivessem boas intenções não reclamariam por algo que beneficiará a sociedade. A Espanha, que tinha o pior trânsito da Europa, e talvez do mundo, está com um trânsito maravilhoso depois que investiu em multar com milhares de Euros, condenar a prisão e muito mais.
- Ah! Humanos...
- Ou será “desumanos”?
- Desumano não, Benito, que eu não sou humano...
- Mas voltando ao cara que pegou a Diva para fazer artesanato... Temos entre nós a doação de órgãos. Já ouviu falar?
- Já, mas não sei o que é.
- Cê é bem informado, hem? Saber que existe doação de órgãos...

Pau Brasil apenas suspira. Eu suspiro junto e digo:
- Quando uma pessoa tem algum órgão vital comprometido, temos capacidade de aproveitar o mesmo órgão de alguém que acabou de morrer naquele que está precisando. Não são todos os órgãos, mas a maioria.
- Que bom! Aquele que morre continuando a missão de Jesus de dar sua vida por outro... Não sou religioso, Benito, mas penso em algo assim.
- É meu amiguinho. Doar algo é lindo...
E não lhe falo da dificuldade que é convencer os cristãos a amarem e compartilharem o que não lhes farão falta...
- Gostaria que Diva pudesse doar seus órgãos para outros pica-paus... Bem, tial.
- Tial.

E meu coração chora acompanhando seu vôo solitário e pensando em Lóri.

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- Lóri, ta indo pra onde?
- Oi Max. To indo pro Centro.
- Quer carona?
- Quero, mas vou pagar com passe.
- Sobe. Olha o que achei morto logo ali.
- Um pica-pau. E amarelo.
- Ah! É pica-pau? Vou fazer artesanato. Cara, fico triste em ver um bichinho lindo desse morto. O que me consola é que vou fazer algo bonito, quase tão bonito como ele era em vida. Mas sobe.

Subo na moto. Max me dá o pica-pau para levar.
- Que será que Benito vai falar quando eu lhe contar? Penso.
Já no Centro:
- Lóri! Não me lembrava de como era um pica-pau. Já vi quando era criança, mas depois nunca mais vi. Exceto hoje. Morto... Toda vez que assisto aquele desenho, o Pica-Pau, eu rio me lembrando que pica-pai anda daquele jeito. Mas não me lembrava da aparência do bichinho. Se você não tivesse me falado eu não saberia.
- Eu o vi um dia desses. O Benito é que me apresentou a um casal de pica-pau, amigos dele. Falo e entrego o bichinho.
- Será que esse é...?
- Espero que não. Eles são muito simpáticos. Bem vou indo. Quanto é?
- Dois passes ta bom.
- Eparrê, meu pai. Hum huuuum misifi. Eeeparrê, meu pai. Hum huuuum misifi. Tome. Dois passes. Rirri.
- Cê ta muito amigo do Benito. Até aprendeu a brincar feito ele. Rarrá.
Sorrindo pego os passes e os entrego.
- Lóri. Pega aquela sacola pra colocar a ave dentro.
- Que sacola?
Pergunto, procuro com os olhos, acho, pego e entrego para ele guardar.
- Inté.
- Inté.

NÃO É MEU, MAS É BÃO

Depoimento de Vilmar Oliveira
Fotógrafo e Produtor CulturalIpatinga

Meus amigos,
Deu segundo turno em BH e não eu poderia nunca deixar de informá-los o quepoderá significar a eleição de Leonardo Quintão para a cidade de BeloHorizonte. Afinal, nós de Ipatinga, já experimentamos a família Quintão nopoder.Vou enumerar algumas das situações que aqui vivemos para sua avaliação.
1. A liberdade de religião quase acabou. Os não evangélicos foramperseguidos pela administração Sebastião Quintão. Ele criou uma torre devigilia dentro DA prefeitura onde OS fieis oravam 24 hs por dia, sendo umdia dedicado só a familia Quintão. Nesta campanha agora Sebastião Quintãochegou a dizer que católico fede.
2. 58 pastores passaram a ocupar cargos comissionados na Prefeitura
3. Os servidores viveram sob ameaça durante esses quase 4 anos. Nuncareceberam OS representantes dos trabalhadores e OS sindicalistas foramperseguidos e vigiados 24 hs por dia. O SINDUTE só conseguiu se manteratravés de liminar DA justiça. Os diretores Sindute e sindicato dosservidores foram proibidos de entrarem nas escolas e repartições.
4. Nunca se criou tantas empresas com laranja como nesses 4 anos.
5. Uma sub-prefeitura, sob gerencia do Rodrigo Quintão, irmão do Leonardo,foi montada para que as negociatas fossem feitas.
6. Todos OS parentes dos Quintão foram parar dentro da administração e ao ser questionado o Quintão pai respondeu 'Se Deus colocou seu Filho pararepresentá-lo na terra, porque eu não posso ter o meu no governo?'.OsQuintão não acham que são Deus, têm certeza.
7. Superfaturamento ocorreu em todas as áreas. Mas não temos remédio nemmédicos nas unidades de saúde. Os médicos que se opuseram às jogadas delesforam demitidos ou perseguidos até pedirem para sair. Toneladas de remédiosforam parar no lixão.O serviço de locação de veiculos para atender aPrefeitura passou de 4,2 milhoões por ano incluido motorista e combustivelem 2004 para 13,9 milhões só com carros. Os motoristas e combustivelpassaram a ser fornecidos pela prefeitura. A manutenção de nossos parques ejardins que até 2004 custavam 2,5 milhões por ano passaram a custar 12,8milhões. Nossa cidade que foi exemplo de limpeza publica está fedida. Essessão apenas alguns exemplos
8. Na eleição de deputado do Leonardo, usaram a máquina da prefeituravergonhosamente. As famílias que recebem bolsa família foram manipuladasvergonhosamente. Se a justiça fosse mais rápida e eficiente já teria cassadoo mandato dele. Se encontra na justiça eleitoral processo com 9 crimescometidos pelo Leonardo e seu pai durante a campanha. Inclusive um em quemandaram bater num agente do cartório eleitoral porque ele foi fiscalizar umcomício.
9. Nessses 4 anos, para uma cidade de 240 mil habitantes foram gastosaproximadamente 20 milhões em publicidade.Imaginem o quanto gastarão com BH?
Eles só vendem imagem o tempo todo. Quem assistia na TV ou lia o material depropaganda achava que estava no paraiso e não sabia.
Para se chegar ao poder e permanecer, a família Quintão não tem limite.
Tomem cuidado! Esse ai só tem cara de bebê jhonson. Não confiem. Se eleito prefeito de BH, vocês podem esquecer dos projetos sociais existentes. Eles se apossarão deles e passão a chantegear seus dirigentes. Só fazem convênioou repassam verbas para OS que a eles se submetem. Podem se preparar para entidades que já pararam de funcionar aparecerem ativas e com contratosmilionários como aconteceu aqui e que jornalecos floreçam. A arte de soltarboletins apócrifos na cidade contra quem se opõe a esse foi aperfeiçoadanesses 4 anos.

Bem, fiz minha parte. Agora cabe a cada um de vocês a escolha.

Um abraçoVilmar OliveiraFotógrafo e Produtor Cultural
MSN: Vilmar.oliveira@pop.com.br
página: www.netlog.com/vilmaroliveira
Email: vilmar.oliveira1@gmail.com
Tel.:31.9208.9537 31. 2535.9537

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

OS PICA-PAUS

É bem cedo e vou comprar pão. Na rua dois pica-paus. Casal? Amigos? Sei lá. Não sei ver o sexo dos pica-paus.

- Como assim não sabe nos diferenciar? Diz um deles.
- Num tem medo de morrer, não? Diz o outro.
- Desculpa a minha ignorância humana. Não quis ofender.
- Tá bom. Se você reconhece que não é dono da verdade nem do mundo...
- É claro que não. Agora foi você que me ofendeu me xingando de estadosunidense. Ce tá achando o quê? Tenho respeito à vida. Todas as formas de vida. Inclusive, apesar dos pesares, dos estadusinendes. Falo bravo.
- Desculpe. Falou o primeiro pica-pau.
- Realmente não queríamos ofendê-lo. Completou o segundo.
- Desculpas aceitas e peço outra vez que me desculpem qualquer coisa. Apesar de brasileiro, ainda sou humano e como tal estou aprendendo a viver.
- Desculpado.
- Desculpado.
- Eu me chamo Benito Bardo Junior. E vocês?
- Pica Diva. Mas pode me chamar de Diva.
- Pau Brasil. E a mim, Brasil.
- Diva, Brasil, prazer conhecê-los.
- Benito, diz uma coisa para nós. Fala-me Diva. Eu juro que não entendo. Aquela adolescente que foi feita refém por um rapaz e depois de uma looooooooooonga prisão foi morta por uma incompetência generalizada.
- É Benito. Explica para nós.
- Ora Diva e Brasil, vocês que não são humanos não conseguem entender porque acha que eu, um simples humano, vou entender? Afinal, a nossa raça só faz bobagem... A única coisa que sei é que a impressa está se divertindo horrores com tamanho horror...
- Outra coisa, Benito! Por que vocês comem carne se os seus órgãos digestivos são semelhantes aos dos herbívoros?
- É! Completamente diferente da dos animais carnívoros?
- Bem, meus caros pica-paus. A única coisa que sei é que tem gente dando mais valor ao dinheiro do que ao ser humano. O espaço que daria para plantar alimento para mil pessoas está sendo usado para alimentar cem bois.
- Não entendo as pessoas. Eu prefiro alimentar minha espécie do que alimentar boi. Nada contra os bois, mas...
- Mas mudando de assunto, meus amiguinhos alados. Como vão as coisa no mundo animal?
- Olha! Diz Brasil. Um semelhante seu, Leonardo da Vinci, disse que chegará o dia em que a humanidade entenderá que matar um animal será reconhecido como crime tão terrível quanto matar um animal.
- Afinal. Completa Diva. Animal tem alma feito gente. A Natureza tem alma.
- Já li na Seicho-No-Ie que “o meio ambiente tem alma como a gente”.
- Benito. Fala a Diva. “Mesmo na árvore recém-cortada a vida espiritual flui e será eterna. O punho que a derrubou é que só tem um instante. A mão que apenas usurpa, consome e não preserva “morre” no instante em que provoca morte. No entanto, a vida que flui na árvore ou no animal arrancado de seu corpo físico permanece. Mas a mão que acha que mata é que está “morta”, e acha que vive enquanto vegeta mediante o seu próprio espírito”*.
- Brasil fala: “Mediante a iminência de guerras e tragédias ambientais, o bom senso ainda é o melhor item do cardápio”*. Em outras palavras Benito. Pessoas que seqüestram outras, que deixam por dinheiro seus semelhantes famintos devem estudar mais a natureza para verem se entendem que o mundo não é dos homens. Os homens é que são do mundo.
- Brasil! Temos que ir embora. Tial, Benito
- Tial Benito.
- Tial Brasil e tial Diva.

Depois dessa o que poderei falar?

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* Jornal Círculo da Harmonia, página 06 setembro de 2008. Maiores informações: AJSI-Regional MG-Governador Valadares => R. Benjamin Constant. 456 Centro Governador Valadares – 033-3221-2635 – http://sijognaluz.blogspot.com . Ou pelo sítio www.sni.org.br

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

EU

“Eu, caçador de mim”. Milton me diz e eu, Benito, só posso falar de mim. Só consigo falar de mim. Estou aqui no meu quarto com o peito opresso não sei por que, mas não me permito sentir pena de mim. Principalmente por algo que nem sei. Mas uma coisa que sei é que amo Lóri que não está aqui, comigo. Há uma vontade imensa de ser “coitadinho”, mas não sou homem de me deixar levar pelas vontades. Prefiro viver o que tiver que viver. Viver o que eu fizer.

Ontem eu fui e voltei para Governador Valadares. Na ida, ainda na rodoviária:

Um sorriso me chamou e eu respondi. Fui comprar uma água tônica, quando voltei o sorriso se aproximou e falamos não sei o que. Depois:

- Qual é a sua poltrona?
- 21 e a sua?
- ...3
- 1, 2, 3 ou 23?
- ...3

Depois dessa me afastei e entrei no ônibus. Sentei e olhei a paisagem da rodoviária – outro ônibus ao lado, o piso preto e o teto enteiado.

- Quer sentar aqui?

Minha vontade era não, Lóri. Mas não vi nada que justificasse a recusa.

- Eu sou Benito e você?
- Marconi.
- Tá indo a passeio?
- Não, moro lá.
- Ah! Tava aqui a passeio?
- Não, moro aqui.
- ...
- Moro lá e moro aqui. Fico nos dois lugares. E você, tá indo trabalhar?
- Vou e volto logo. É só uma reunião.
- E trabalha com o quê?
- Com arte.
- É pintor?
- Não! Falo rindo. Sou poeta e ...
- Verdade? Eu também. Meu sonho é publicar um livro.
- Conte um de seus poemas.
- Escrevo só para mim.

Nada falo, mas se quer publicar um livro como não escreve para os outros? É verdade que um escritor escreve para si. Porque tem que por no papel se não enlouquece. Eu mesmo falo de mim para que o leitor me ame. Ou odeie. Falo o que penso, sinto. Num ponto é sem me importar se gostem ou não. Escrevo por mim. De meu mundo. Para você. Mas um escritor escreve por ter necessidade de expor ao mundo a sua alma.


Alguns segundos e continua:
- Qual é a sua idade?
- Quarenta.
- Sério? Não parece. Eu tenho vinte e dois. E você escreve sobre o quê?
- Assuntos variados. Eróticos...
- É mesmo? Eu gosto de assuntos assim... E sempre embasado em suas experiências pessoais?
- Sempre, mesmo quando mundo uma coisa ou outra para ficar mais universal. Não invento nem aumento. Apenas o torno mais literário.

Marconi sobe na poltrona ficando de frente para meu perfil e segura no braço da poltrona que nos separa.

- São sempre pesados ou mais “laite”?
Enquanto fala suas mãos esbarram na minha cintura.
- Procuro não ser vulgar.
- Legal. Gosto muito de beijar. E de transar. E você?
- Também.

Em meus pensamentos: Meu Deus, esse cara ta quase me agarrando. Não tô a fim. E essa viagem que não termina.

- Você escreve sobre outros assuntos?
- Tenho alguns mais sociais. Outros são contos fantásticos...
- E os eróticos... Fale mais.

Em meus pensamentos: Minha Nossa Senhora, esse cara ta quase pegando no meu pau. Não tô querendo. E olho para o relógio. Estamos ainda na metade da viagem.

- Tenho um personagem, o Rubem. Nele eu coloco as mais variadas situações que vivi e ...

- Você tem um personagem? Eu também. Quando crio estórias infantis. Meus sobrinhos preferem uma sobre um coelhinho.
- Conte para mim.

Marconi esbarra uma das mãos no meu braço. Fica uns segundo e a retira.

- Não sei. Fico sem graça.
- Fala! Quero ouvir.
- É mais ou menos assim...

Marconi esbarra uma das mãos próximo ao meu umbigo. Fica uns segundo e a retira.
Ai! Na próxima vez ele vai colocar a mão é no pinto mesmo. Ele até que é interessante, mas não o quero. Lóri! Onde está você? E Valadares que não chega, meu Deus.

- Legal sua estória. Eu escrevo mais em prosa do que em verso. De poesia eu prefiro haicai. Conhece?
- Não!
- Gosto tanto de haicai que um dos meus cachorrinhos se chama Haicai. Haicai é feito assim: São três versos. O primeiro tem cinco sílabas e nele você lança uma idéia. O segundo verso tem sete sílabas e comenta a idéia. E o último tem cinco sílabas e conclui a idéia, mas deixando margem para a viagem do leitor.
- Legal! Você é tímido?
- Um pouco.
- Estou vendo...
- Ih! Chegamos. Olha. Gostei de conversar com você e talvez a gente possa se encontrar algum dias desses. Se quiser, anote o meu blog e nele você poderá me encontrar. Tial.
- Tial.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O CASAMENTO

- Benito!
- Hum!
- Quer morar comigo?
- Quero dormir, Lóri.
- É sério. Gostaria que morássemos juntos?
- Está me pedindo em casamento?
- Estou.

Rimos e beijamos em nossas camas. Lóri em meus braços me beija o rosto, os lábios. E rimos. E acarinhamos nossos rostos. E nos beijamos. E rimos. E nos levantamos. E tomamos café.

- Amo seu apartamento, Lóri. Seria uma maravilha morar com você. Mas...
- Que mas?
- Sou difícil e temo que não saibamos compartilhar uma casa. E não tenho como ajudar nas despesas. Vida de artista não é mar de flores.
- Só estou te convidando a morar.
- Eu sei, meu amor, mas não posso ser sustentado e nem dar prejuízo. Gosto de minha vida.
- Eu te amo mais que a minha vida.
- Não! Eu não quero isso. Ame a mim como ama a sua vida. É assim que eu te amo, Lóri.

Saímos. Lóri foi para seu trabalho. Benito foi para um ensaio da peça Gostaria Namorar Você, que escreveu. E se encontram no almoço.

- Oi!
- Beijinho!
- E aí, pensou na proposta?
- Sim! Mas a resposta é a mesma. Eu te amo demais para ser sustentado por você. E me amo demais também para viver uma vida assim.
- Tem certeza?
- Unrrum!
- Que pena. Mas acho que no fundo você tem razão.
- Olha! Não pense que não quero morar com você, pois eu quero me casar com você. Mas ainda não dá.

Um pega na mão do outro e seus olhos sorriem.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008



Estarei participando da exposição de IARA ABREU com um de meus poemas: "EU TENHO MEDO".

A exposição acontece do dia 14 a 28 de outubro na Biblioteca Pública em BH.

Espero todos.

Bruno Grossi

FARROUPILHA


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

AINDA CREIO NO HOMEM

Um amigo meu, de Rio Claro SP, candidato a Vereador, mas não eleito me disse:

"Perdi porque eu merecia, pois cometi muitos erros graves de campanha, o que me valeram muitos votos. Mas estou feliz pois sei que tenho 380 amigos de verdade que não os comprei. Abração brother e muito obrigado mesmo! Mas não desisti não véio, minha campanha pra próxima eleição começo a fazer em 1º /01/09".

Em Antônio Dias MG, um outro amigo também candidato a Vereador e não eleito, nada me disse, mas eu falo que ele sem ser vereador faz muito pela população da cidade. Imagine se o seu povo tivesse percebido isso...

A ambos os amigos, Vagner e Chiquinho, não se esmoreçam. Os olhos da população ainda se abrirão. Para vocês, o meu lema de vida:
Sorria!
Quem decide
não deve recuar!!
Vá e Vença!!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

PRECONCEITO PURO E SIMPLES

O que mais tenho a dizer?
Duas coisas:
1- Ele comprou, mas não levou...
2- No meu texto "Comprou, mas não levou" falo do panfleto abaixo:




COMPROU, MAS NÃO LEVOU

PARTE 1-

Oi! Eu sou Benito. Benito Bardo. Tenho dezoito anos. E me sinto um pássaro negro querendo voar.

Vejo uns morangos muito vermelhos e penso no quanto eles devem estar infectados com agrotóxico. É engraçado. Quero dizer, não tem graça nenhuma, mas toda vez que penso em morangos penso em agrotóxico, o que pouco, quase nenhuma vez, penso assim quando olho para as outras frutas e legumes. Mesmo estando todos com agrotóxico.

Olho para as pessoas e tento amar alguém especial, mas isso é proibido.

Olho para as ruas e vejo candidatos políticos e suas vulgaridades. Falando dos outros. Denegrindo outros partidos. Todos se dizendo íntegros.

Uma pessoa me disse que me admira. Que somos grandes amigos. Que muito me respeita. Perguntou-me o que acho dela e do que ela faz. Disse-lhe o que penso, mas pouco nos conhecemos.

Volto a olhar para os morangos. Pego um deles. Sua casca se desfaz e um líquido vermelho se solta e salta de minha mão para o chão.

Volto a olhar para as pessoas em busca de um amor. De meu amor. Mas fui deixado só. É muito perigoso. Nosso amor exige mais força do que o normal e mais coragem do que o racional.

Volto a olhar para as ruas e vejo eleitores se limpando com os jornais que não leram. Quem ganhou? Quem vai ganhar? Se eles ganham, nós perdemos.
Vejo a avenida de meu bairro imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda, imunda. Quinze vezes imunda pela papelada que os candidatos jogaram na rua. Meu dinheiro esparramado pelas ruas. Trabalho para os varredores. Poluição para os cidadãos.
Vi uma zona de pós-guerra.

O que o mundo tem a oferecer a nós? Sei que devo ver sempre e somente o lado bom da vida, das pessoas, das coisas. E eu concordo. Mas tenho uma vontade de me entristecer vendo a vida, as pessoas, as coisas... E o que temos a oferecer ao mundo?

Eu, Benito, me sinto um pássaro negro querendo voar.
Com medo de voar.
Eu, Benito Bardo, temo virar um quarentão com medos.
Então pego papel, caneta e escrevo.
Penso. Falo. Ajo.

E o que mais me consola, é o que o atual prefeito de Ipatinga, comprou mas não levou...


PARTE 2-

- Benito! Você é cristão?
- Por quê?
- Você sabia que existem cidades em que os cultos ao ar livre são proibidos?
- ...
- Em muitas regiões não é permitido o uso de praças para realização de eventos cristãos?
- É?
- Por outro lado, são realizados nesses mesmos lugares shows “mundanos” e eventos de outras religiões não cristãs.
- ...
- Quase tão terrível que isso é o que está tramitando no Senado.
- O quê?
- Projeto de Lei 122/2006 e o substitutivo ao PL 6418/2005, que visam instituir o crime de homofobia no Brasil. Assim, não poderemos criticar as bichonas.
- Respondendo as suas perguntas e comentando as suas afirmações: Primeiro: Não! Eu não sou cristão. Tenho tanto amor a Cristo, que não posso ser cristão. Segundo: Não são proibidos cultos religiosos. Mas todos têm que ser atendidos nos momentos e lugares apropriados. Principalmente, quem que prega o Amor e a Paz Mundial. Terceiro: Como disse, todos, e não somente religiosos têm o direito aos espaços públicos. Cristo gosta de alegria e não odeia o mundo. Portanto, o que é mundano, só por ser mundano, não descontenta o Criador. E ainda, se me permite: O que você tem contra os não cristãos? Quem lhe dá o direito de julgá-los? Em que somos melhores que judeus, budistas, islâmicos e etc? Aliás, se você não sabe, Jesus não era cristão, nem seus pais. Cristãos são seus seguidores. Ele mesmo, se reparar bem na Bíblia, deixa claro sua religião (judia) e que veio para os judeus. Só depois que Ele se abriu para os outros povos. Por fim, em quarto lugar: Sou terminantemente contra toda e qualquer forma de desrespeito. Branco, negro, nipônicos, indígenas, homem, mulher, heterossexual, homossexual, bissexual, criança, jovem, adulto, idoso. Toda e qualquer pessoa é digna de respeito. Coisas, seres e fatos também devem ser respeitados.
- Benito. Você é mesmo um zero a esquerda.
- Já disse. Eu sou um zero de esquerda. Faça-me o favor. Aliás, que símbolo é esse na sua mochila? Uma suástica nazista?
- Sim! Gostou?
- Eu sou judeu.
- ...
- ...
- Você é judeu?
- Não! Mas tenho um irmão que teria sido morto pelos nazistas. Ele tem problema mental. Tenho um amigo. Sávio de Tarso, grande intelectual e pessoa maravilhosa, que teria sido morto pelos nazistas. Ele teve pólio que deixou seqüelas em seu corpo.
- Mas Hitler, teve boas idéias. Era um grande pensador.
- Idéias preconceituosas.
- Não chega a tanto e não dá para negar que suas idéias tinham qualidade.
- Uma coisa é você me dizer: Benito! Gosto de você como escritor, mas não gosto de você como ator. Isso tem um peso muito diferente do peso que se tem em “gosto de das idéias de Hitler, mas não gosto dele ter matado algumas centenas de milhares de pessoas”. Não tem como separar nesse caso. Pois suas idéias são embasadas no preconceito.

Aí ele desceu do ônibus enquanto continuei minha viagem.

E outra coisa, na segunda parte, comecei comentando o que li num panfleto do atual prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão, e terminei com um diálogo que tive com um rapaz.
E o que mais me anima é que o Quintão comprou o povo, mas não o levou na conversa...
Inclusive, um conhecido meu que esteve trabalhando para ele me disse que recebeu R$510,00 reais por mês durante a campanha para fazer panfletagem e outras coisas, mas que não votou nele. Feio, eu acho. Mas pior teria sido votar em quem não se acredita. Disse mais, falou que trabalhou por pura necessidade. Triste a vida de quem tem que ser arrimo e se vender... Penso.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A SUJEIRA

De Rubem Leite
para Cida Pinho.

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Cheio de árvores
Uma toda amarela
Deixa o chão todo sujo de amarelo
É a coisa mais linda.

Depois de uma noite fria
O Sol me acaricia
Vejo que há mais valia
Em semear
Que esperar a flor
Que a vida me prometia

Admirando rubras e amarelas boninas
Vi de relance um jacu
Que voou
Posou num galho
E posou para mim.

Enganam-me os olhos
São dez horas de uma noite clara
Verde e cinza
Rasgada por amarelas nuvens
Que a luz veste.
Há tanta beleza
Há tanta dor
E ainda espero na fé.

“Deus sempre conduz você ao rumo certo”,
Diz a Seicho-No-Ie.
Não há céu
Tudo é uma nuvem
Cinza-azulada
Mas o sol a ultrapassa.
Aves cantam
E a fábrica geme.
O que sou em minha história?

Entre o sol matinal que virá
E após a brisa da tarde que se foi
Fica a esperança das manhãs
A fé da tarde
E a amizade que vence as noites.

Ontem vi um guacho
E seus vários ninhos
Conheci e comi “mangamamão”
Hoje não acordei
Fui despertado pela cantoria dos pássaros.
Trem bão não me falta.

Uma serra corta o silêncio.
Lendo me viro de costas
Da janela o cinza me impede ver
Fecho os olhos,
Entro na grande sala de livros
E me refresco.

Ontem na estrada
Pensei/orei
Por você
Olhando a noite
E apesar do escuro
Vi estrelas
enquanto caminhei firme e forte.

DUAS COISAS IMPORTANTES



Caros amigos,


Convidamos vocês e seus amigos e familiares para a exposição 'Amarelinha: o céu e o inferno numa visão infantil', de Juan Fiorini e Camila Lima.


Período: de 12 a 31/10/2008

Local: Parque Lagoa do Nado (Rua Hermenegildo de Barros, 90, Bairro Itapoã - próximo da Av. Pedro I) A partir das 9:00


Na abertura, 12/10, haverá intervenção com as crianças que estiverem no local.

Portanto, leve seus filhos, irmãozinhos, primos, sobrinhos e quem mais quiserem.


Atenciosamente,

Juan Fiorini e Camila Lima