quinta-feira, 27 de novembro de 2008

UM ESTUDO DE CASO: A OPÇÃO ARTÍSTICA DE PUBLICAR (OU NÃO)

Aconteceu 25 de novembro do ano corrente no Teatro Zélia Olguin, em Ipatinga MG, a palestra Arte Contemporânea: Amostragem de uma Economia, preferida por Paulo Silveira.
Foi uma palestra interessante onde bastante entendi algumas coisas:
Arte não está na coisa. Está na ação.
Artistas não gostam da funcionalidade da arte, mas a arte tem a funcionalidade. Algumas são políticas, outras são pelo laser e outras por motivos variados, mas todas tem funcionalidade.

Mas o que mais apreendi:

Eu me vi na minha ignorância
Minha ignorância não me vê
Diante de Paulo Silveira
Eu dormi escondido
No recôndito do auditório
Falar nomes estrangeiros de locais
O artista bolou o bolor
Pintores escrevem livros
Eu tento pintar meus quadros
Quem tem ouvidos ouça
Quem não tem...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Desenvolvimento Cultural de Ipatinga

Convite!

No próximo dia 29 de novembro de 2008, no período de 09 às 12 horas, no Espaço Hibridus, será realizado o Seminário "Desenvolvimento Cultural de Ipatinga". Essa é uma iniciativa de alguns artistas e produtores do município, em parceria com o "Movimento Ipatinga, Nossa Cidade".
No Seminário serão discutidos os seguintes temas:
- Política e Sistema de cultura: pensar sistêmico.
- Panorama das políticas, programas, projetos culturais e estrutura organizativa da Prefeitura Municipal de Ipatinga
- Expectativas dos artistas e produtores culturais locais para o diálogo com o próximo governo municipal
- Diretrizes para o diálogo com o Novo Governo.

Participe!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

VAIDADES

- Quero oferecer esse primeiro pedaço de bolo para um sujeito chato. Que muitos aqui acreditam que ele seja muito chato. Mas que se estou aqui é porque ele acreditou em mim e porque quase tudo que sei sobre arte foi ele quem me ensinou: Benito!

Antes:

- Todo mundo se aquecendo e alongando. Vamos lá. Alongue o braço esquerdo. Não assim você irá forças os músculos errados; tem que abaixar o ombro. Você! Abaixe o ombro também. Agora mudando de braço. Isso, assim. Olha! Se você continuar fazendo assim vai lesar seus músculos. Tem que ser desse modo. Todo mundo alongando o punho. Prenda o dedão também. Vocês dois estão alongando é os dedos. Têm que fazer assim, tão vendo? Outra mão agora. Márcia, você já ta me irritando. Para de falar. Perna direita para frente, mantenha as articulações esticadas. Isso. Assim mesmo pessoal. Agora perna esquerda pra frente. Agora, todos de cócoras. Mãos para trás e no chão. Levantem os quadris. Pedro, se você continuar o que ta fazendo... Se não quer fazer pode ir embora. Saiba que se for preciso eu faço o seu papel. Não tenho paciência, não! Bumbum no chão. Levantem os quadris de novo. Vamos Ivan, levante o quadril. Mais. Isso!

Mais antes ainda:
- Rsrsrs.
- Que foi? Falo meio rindo, divertindo.
- Vendo esse papel no chão me lembrei de quando você dava aula. Sempre anotando (imita o gesto de escrever) e de repente (batendo na folha): “Não tenho que agüentar isso não. Vou me embora”.
- Unrrunrrunrrum.
- Eu ria muito de você.
- Algum tempo atrás Joubertina falou isso. Lembra?
- Sim!
- Não falei nada na hora porque não queria agredi-lo, mas pensei em dizer “que talvez por isso você esteja desempenhando tão pessimamente a personagem”.
- É... Talvez seja isso.
- Pode ser que sim. Pode ser que não, né. Nunca saberemos.
- É. Nunca saberemos.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A CHUVA - FIM

Do alto de um galho um gato preto o observa prestes a atacar.
A chuva esfria a noite já gelada e o homem caminha a mais tempo que se pode imaginar entre as árvores sob a Lua.

Do alto de um galho um gato preto o observa.
Vez ou outra um vulto. No início o homem ia até o vulto. Mas nunca chegara ao vulto. Depois ele começou a fugir dos vultos desde que um dia o alcançou.

Do alto de um galho um gato preto.
O vulto lhe sorriu. Aproximou. Beijou. Masturbou-lhe. E antes do homem gozar o vulto lhe arrancou um fígado. Devorou-lhe um rim. Embrulhou-lhe o estômago. Foi embora deixando-o com seu vazio.

Do alto de um galho um gato.
Homem magro. Bonito. Barba por fazer. Calça e jaqueta dins úmidas na gigante noite chuvosa.

Do alto de um galho.
O homem está roxo de frio. De seus cabelos castanhos dourados escorrem finos fios d’água. Seus lábios sedentos bebem o que por eles escorre aplacando a sede que só piora. Ele se sente morrendo. Está morrendo. E quanto mais morre, mais ele vive. Quanto mais vivia, mais ele morria.
Em sua casa, ele não se lembra. Em sua casa estava quem lhe arrancou o coração. Que é a perda de um fígado, de um rim, do estômago diante da perda do coração? Quem os perdeu sabe. Ele não se lembra, mas em sua casa aproximação, sorrisos, beijos, sexo, afastamento.
Filtraram-lhe as posses. Tiraram-lhe a capacidade de jogar fora o que não presta. Tiraram-lhe a capacidade de analisar.
E ele deixou.

À sua frente, onde o caminho parece ter fim, um cão aureolado pela Lua. O homem para. O homem anda até o cão e passa por ele. O cão sempre olhando para ele. O homem. O cão. O homem caminha. O cão o segue. O homem foge. O cão o acha. Caminham por mais tempo que uma noite pode durar.

Do alto de um galho um gato preto prestes a atacar não os observa mais.
Quatorze músculos da face doem. Seu primeiro sorriso em... anos? A chuva garoa. O bosque está... bonito? Meu Deus! Um amanhecer?

O homem está começando a lembrar por que andara. Começando a entender por onde andara. E o cansaço sem fim não diminui mais suas forças.
Ele está chegando. Ele sabe. O cão lhe acompanha.

Serpente invadiu suas veias. Ele se lembra. Pessoas diziam coisas que não eram como se fossem.

Estão chegando e ele afaga a sua coragem. Agora ele se lembra. O cão. O cão esteve com ele antes. O cão. Batem na porta. Um rosto olha para ele. Se abraçam. Se comem. Se dão. Ele pega seu coração de volta. Nascem novo fígado, novo rim e desembrulha o estômago. O Sol brilha lá fora. Ele o vê pela janela. Ele se afasta. Do rosto de quem fica, uma lágrima. Ele e o cão vão embora. O Sol brilha. Da casa nada se sabe. O Sol brilha sobre a fidelidade e força do homem e do cão.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A CHUVA

A chuva esfria a noite já gelada e o homem caminha entre as árvores sob a Lua. Caminha a mais tempo que uma noite pode durar e ele não se lembra mais do Sol. Faz tanto tempo que ele nem sabe mais o que seja. De vez em quando ele se pergunta como pode alguém esquecer algo a ponto de nem mais saber como era.

Do alto de um galho um gato.
Vez ou outra um vulto. No início o homem ia até ele, mas nunca chegava ao vulto. Depois ele começou a fugir deles desde que. Agora ele simplesmente avança pela mata que o mata aos poucos sob a Lua. Os vultos não importunam.

Do alto de um galho um gato.
Suas roupas. Calça dins, camisa azul deprê, jaqueta dins. Sapatos marrons. Suas roupas estão úmidas. Apesar de tanto tempo sob a chuva na mata sob a Lua suas roupas não estão encharcadas.

Do alto de um galho um gato.
As pontas de seus dedos estão roxas. Sua barba não está imensa apesar de tanto tempo. Sempre uma barba por fazer. Do cabelo escorre finos fios d’água sobre o nariz, sobre as têmporas. Sobre os lábios sedentos. E sua sede se aplaca para voltar pior. Muito magro. Bonito.

Do alto de um galho um gato.
Ele morre lentamente e quanto mais morre mais ele dura.

À sua frente, onde o caminho parece ter fim, um cão na Lua. É a primeira vez que ela não está sobre algo. Viralata tamanho médio. O homem para. O cão olha para ele. O homem volta a andar. O cão olha para ele. O homem chega até o cão. O cão olha para ele. O homem para. O cão olha para ele. O homem desvia e passa pelo cão pelo canto do caminho. O cão olha para ele. O homem. O cão o segue. O homem caminha. O homem manda o cão embora. O homem corre. O cão o segue. O homem caminha. Caminha a mais tempo que uma noite pode durar. O homem e o cão seguem lado a lado.

Do alto do galho não há mais gato.
Quatorze músculos da face doem. A chuva amaina garoa. As árvores assustam menos. Raios vermelhos douram a sua frente.

O homem não sabe porque andava. Não se lembra. O homem sabe que está chegando em casa. Ele se lembra. O cansaço sempre presente não diminui, mas ele avança.

Está chegando. Ele sabe. O cão ao seu lado.

Cobra invadiu suas artérias. Ele se lembra. Pessoas diziam verdades que não são. Ele sabe.

Está chegando. Ele afaga o cão ao seu lado.

Ele quase se enganou. Mas o cão o ajudou. O cão! Já estava com ele antes. O cão o achara. Agora ele se lembra.

Diante de sua casa ele se lembra. Bate na porta. Entra com o cão. Um rosto olha para ele. Se abraçam. Seus rostos se arranham mutuamente. Lá fora o Sol.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

LORISE

09-11/11/08

- Ai! Que susto! Diz ao perceber
- Desculpa, Lóri.
- Rirri.
- Que ce ta fazendo?
- Cortando as unhas.
- E essas malas? Vai viajar?
- Unrrum. Vou me encontrar com minha irmã, Lorise. Ela está em São Paulo.
- Não conheço nenhum de seus familiares.
- Eu só tenho ela. Meu pai me fez e foi embora de casa. Anos depois voltou trazendo Lorise. Bem mais velha que eu e meus pais a adotaram. Mas nunca entendi realmente o que aconteceu. Quanto a meus pais, eles eram velhos e não demoraram a morrer.
- Que chato!
- É.
- História complicada.
- É.
- Então ta e boa viagem.
- Unrrum.


- Lorise!
- Lóórii! Que saudades!
Os dois se encontram na rodoviária do Tietê. Lorise é magra, com sotaque gaúcho, cabelos curtíssimos e grisalhos, olhos azuis escuros. Socióloga.
- Então, quanto você quer? Não tenho muito.
- Primeiro eu quero te ver. Falar. Estou querendo ir para Portugal. Requeri cidadania portuguesa. Foi aprovado e quando fui assinar, a papelada tinha sumido. Sumiu até do computador. Então tive que começar tudo de novo e serão mais outro par de tempo. Estou cansada.
- Já entrou com nova papelada?
- Sim. E tu? Onde moras?
- Com um amigo e sua família.
- Um amigo? Eu vim aqui a procura de um colega da universidade que trabalho, mas não encontrei. Ele veio para um trabalho especial na USP e estive pensando em hospedar na casa dele. E você? Ta namorando muito? Eu continuo virgem... Como é seu amigo?
- Como disse, ele mora com a família. Tem três cachorrinhos e um peixinho. Ele é...
- Credo! Detesto bicho. Acho que todos deveriam ser exterminados. Lugar de bicho e no mato. Solto. Deixar só os policiais e exterminarem todos os gatos, cachorros, pássaros. Mas e seu amigo, estão namorando? Já foram para a cama? Você sempre soube escolher quem te dá vida mansa.
- Hum! Vamos ao que interessa. Tenho aqui mil reais. É só o que tenho. Pegue e tial.


- Benito!
- Uai. Já de volta? Sê bem vindo.
- Me dá um abraço!
- Ta.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Alguns agradecem a Deus e outros, ao diabo por sentirem\terem algum amor. Eu nada agradeço. Nem sei se tenho algo a agradecer. Nem sei se tenho algum amor. Ou se já tive algum.
Um me disse que a juventude prefere a juventude. Deve ser. Mas foi com a Experiência que aprendi.
Tô sozinho. Queria Lóri aqui. Mas não tá e se tivesse acho que eu estaria só. Assim eu danço. Num silêncio externo danço. Dentro de mim outro silêncio. Ainda assim danço dentro de mim uma dança que foge para fora num rasgão.
Lá fora, vejo pela janela uma noite e ouço o barulho de chuva. Olho para dentro de mim, para o lugar onde danço e me ofusco com o brilho do sol.
Nem mesmo Lóri ausente pode apagar minha luz. Assim danço e começo a cantar. Minha voz é grave. Grave de se ouvir. Mas ainda assim canto e danço ao sol.
Estou com apetite de tanto dançar e com sede após cantar. Deito no chão dentro de mim e durmo sonhando com o barulho do silêncio da noite chuvosa lá fora.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

EMAILs

Benito – Nena, Nena, Nena Doce Nena Se você fosse Filomena Philomena Seria rima Não uma solução. Que o diga Pagu Rite Lee Bruuuuja Buuuunda Silicoooone Brasileira Feiticeira Faceira Carvão queimado Na fogueira da inquisição Municipal Pau Mau Mal. Quintal do Quintão
Lóri – Benito! Cê é muito doido, graças a deus... se ele existisse!
Benito – Uarrarrá Deus existe. Mesmo que na nossa imaginação... E quer algo mais real que a nossa imaginação. Se Ele não existe em "carne e osso" existe na nossa cabeça e coração. Não discuto a existência de Deus. Apenas acredito e O adoro. Mas discuto ferozmente a existência de Deus na nossa imaginação, que é força criadora. Portanto, Deus existe. Uarrarrá. Abraços, meu amado. É sempre um prazer e uma honra receber suas mensagens e saber que me ler. Muito obrigado!
Lóri – Benito! Eu não te leio, isso é impossível! Leio seus belos escritos... que expressam uma fagulha sua. Uarrarrá!!! Aprendi!!! Quanto a deus, não discuto. Apenas provoco! Grande abraço, meu amigo!
Benito – Uarrarrá! Então somos dois. Não discuto Deus, apenas o vivo... o claro... a tim... o oi... Uarrarrá! Uma pessoa que não conheço leu o que falei de Antônio Dias e visitou mês passado a cidade. Ele, Alexandre, é de Vitória.