quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vou fazer política

Sinceramente quero agradecer ao Tribunal Superior Eleitoral por me abrir os olhos e ensinar o valor dos votos brancos e nulos.
Afinal para que eu e milhares de cidadãos perder seu tempo num domingo para ir pegar uma fila gigante digitar uns numerosinhos numa máquina esquisita para depois meia dúzia de sujeitos (do tse-tse, aquela mosca causadora de doenças na África) falar que é bobagem, afinal "nóis é que sabi mais u que ocês quer e u quiébão" E ficam numa enrolação num fica ou não fica quem foi rejeitado pela grande maioria dos cidadãos, como no caso de Ipatinga, em relação ao Quintão que foi recusado por mais de 70% dos cidadãos.
Enfim, obrigado! A partir de agora, ao contrário dos anos anteriores, vou exercer meu direito de cidadão de não compactuar com a entrada\permanência de ladrões. Afinal, como vocês nos ensinaram, vocês perde seu tempo e nós ignoramos sua vontade.
Com licença, porque agora vou ao banheiro fazer um pouco de política.

Tribunal confirma cassação de Quintão em processo de arrecadação ilícita de recursos


Os juízes do TRE-MG, na sessão desta terça-feira (27), por cinco votos a um, confirmaram nesta terça-feira a cassação do prefeito de Ipatinga Sebastião Quintão (PMDB), e do vice-prefeito Altair Vilar (PSB), por arrecadação e gastos ilícitos de recursos na campanha eleitoral (artigo 30-A da Lei 9504/97). Eles negaram provimento ao recurso apresentado pelos cassados contra a decisão de primeira instância que, em setembro deste ano, cassou os diplomas de ambos. Também foi determinada a marcação de nova eleição para prefeito e vice do município, em data ainda a ser definida. A ação foi apresentada pelo Ministério Público Eleitoral de Ipatinga.

A maioria dos magistrados acompanhou o voto do relator do processo, juiz Benjamin Rabello, pela confirmação da cassação. Segundo ele, foi averiguado comportamento malicioso dos candidatos para camuflar os dados reais dos gastos de campanha. De acordo com o juiz, houve inconsistência nas declarações dos gastos e foram apresentados documentos desprovidos de credibilidade, tendo havido escamoteamento de origem de mais de um milhão de reais. Segundo ele, foram utilizados recursos de fontes desconhecidas. Para o relator, houve a comprovação de fraudes na arrecadação dos recursos, “denunciando a ilicitude perpetrada”. E concluiu: “As condutas praticadas pelos réus são mais pérfidas do que o caixa dois, porquanto mais ambiciosas. A Justiça Eleitoral não conhece a verdadeira origem de mais de dois milhões de reais que aportaram na conta de campanha de Quintão”.

A juíza Mariza Porto concordou com o relator, destacando que a movimentação de dinheiro na campanha começou antes do registro da candidatura, contrariando a legislação. “Não existe transparência na prestação de contas do candidato”, ressaltou. No entanto, a juíza entendeu que a segunda colocada é a candidata Rosângela Reis, porque o candidato Chico Ferramenta não teve o registro deferido. “Ele não foi candidato”, conclui ela, para apontar que votava no sentido da posse de Rosângela Reis na prefeitura.

O juiz Ricardo Rabelo ressaltou, ao concordar com relator, que “o comportamento do candidato refoge completamente do que deve ter um candidato comprometido com a ética e com a transparência de suas contas, pois há uma séria de questões que não ficaram claras. Em termos de prestação de contas, não pode haver perguntas sem resposta, o que ocorreu no caso”, afirmou. O desembargador Baía Borges e a juíza Maria Fernanda Pires também concordaram com o relator.

Apenas o juiz Maurício Torres votou por dar provimento ao recurso de Quintão, no mesmo sentido do procurador regional eleitoral, José Jairo Gomes, para quem não restou comprovada, no processo, a arrecadação ilícita de recursos

Neste processo (RE 8528), os políticos são acusados dos seguintes ilícitos: arrecadação e utilização de recursos provenientes de concessionária de serviço público, no valor de R$ 1.000,00; utilização de recursos, supostamente próprios, em valor superior ao patrimônio declarado à Justiça Eleitoral; declaração patrimonial inicial de 3.500 sacas de café, sendo que, em declaração posterior, para justificar patrimônio maior, o total de sacas atingiu 6.293; existência de movimentação financeira em benefício da campanha eleitoral anteriormente ao registro de candidatura, comprovada por notas fiscais de venda de café datadas de 30/06/08; celebração de contrato no valor de R$ 500.000,00, junto à Sinai Agropecuária S.A., pelo prazo de 1 ano, sem incidência de juros; utilização de recursos provenientes do Cartório de Registro de Imóveis, mesmo estando afastado das funções registrais desde 2005, quando assumiu a Prefeitura de Ipatinga.

A decisão do TRE mineiro tornou prejudicado o voto de minerva que seria proferido pelo presidente do Tribunal, desembargador Almeida Melo, também na sessão desta terça-feira, para julgamento de pedido de liminar de Quintão (Agravo em Ação Cautelar) para que retornasse ao cargo até o julgamento do mérito do recurso.

A prefeitura de Ipatinga, desde a cassação de Quintão, no primeiro semestre de 2009, está sendo exercida pelo presidente da Câmara Municipal, Robson Gomes da Silva (PPS).


Tribunal cassa o diploma de Sebastião Quintão em processo movido pela coligação adversária

Por seis votos a zero, o TRE-MG, na sessão desta terça-feira (27), decidiu cassar os diplomas do prefeito e do vice-prefeito diplomados de Ipatinga, Sebastião Quintão (PMDB) e Altair Vilar (PSB). Mas a decisão, em um recurso contra expedição de diploma apresentado pela Coligação “A Força do Povo”, só será executada após eventual recurso ser julgado pelo TSE, segundo o voto de quatro dos seis juízes do Tribunal.

Com relação à cassação, os juízes seguiram o voto do relator do caso, juiz Benjamin Rabello, que afirmou ter se baseado, para concluir pela cassação, nas provas recolhidas em outros processos, de uso exorbitante e desproporcional do poderio econômico na campanha e de uso de programa assistencialista da prefeitura para coação de eleitores. O relator defendeu, no entanto, que a decisão fosse cumprida de imediato – no que foi acompanhado pelo juiz Maurício Torres.

A juíza Mariza Porto concordou com o relator quanto à cassação da chapa: “houve abuso do poder econômico por parte de Quintão, não tendo ficado clara a origem dos dois milhões que passaram na conta do candidato”. No entanto, de acordo com a juíza, a decisão só deve produzir efeitos depois do julgamento do TSE, conforme o artigo 216 do Código Eleitoral*. Os juízes Ricardo Rabelo, Maria Fernanda Pires e o desembargador Baía Borges votaram também para que os efeitos só sejam produzidos após a decisão do TSE.

Neste recurso proposto pela Coligação “A Força do Povo”, liderada pelo PT, Quintão e Vilar são acusados de uso abusivo de obras e programas municipais em proveito de suas candidaturas, com ameaça de excluir moradores de um bairro de Ipatinga dos benefícios do Programa Morar Melhor, além de corte de outros benefícios como o Bolsa-Família. Também no recurso, Quintão e seu vice são acusados de utilização de recursos em campanha eleitoral oriundos de fonte vedada, bem como utilização de recursos próprios em valor superior ao patrimônio declarado à Justiça Eleitoral.

O mesmo entendimento do relator teve o procurador regional eleitoral, José Jairo Gomes, que afirmou em seu parecer que, “a forma arbitrária e ríspida com a qual os apoiadores políticos dos investigados abordaram moradores de um bairro naquela cidade, apesar de ter surtido efeito contrário, gerando imagem negativa de Sebastião Quintão, nem por isso deixou de configurar abuso de poder; é incontestável pensar que o medo gerado nos munícipes não gere desequilíbrio na disputa eleitoral, ainda que tal técnica tenha causado uma impressão no seu íntimo; evidente, portanto, a potencialidade lesiva do fato para desequilibrar o pleito, restando configurado o abuso de poder”.

* Artigo 216 do Código Eleitoral: “Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua plenitude”.

Mas no afligir dos ovos o que sei que podem contar com meu voto ... em branco. É como disse um conhecido meu “para que votar se meia dúzia de sujeitinhos dizem que meu e o dos outros cento e tantos mil habitantes não valem nada... E faz essa confusão toda atravancando tudo”.

Um pássaro tenta fugir da gaiola e se sangra na peleja até que abro minha cabeça e ele voa.

Há pessoas que me criticam e muitos nem sabem que escrevo. Um lado, falatório. Outro lado, silêncio. E num triângulo, vejo que alguns sabem, não lêem e ainda criticam.

Um pássaro tenta fugir da gaiola e se sangra na peleja até que abro minha cabeça e ele voa. Primeiro pensei que a ave fugiu e fiquei com medo e decepcionado. Depois vi que o pássaro voou alto e fui com ele.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

MESTRES

Nena, Nena, Nena.

Se você se chamasse

Filomena

Isso seria rima

Nunca solução.

Bem, talvez...

Insolúvel solução

Na xixícara sócio-polititica

Dos cultos neo paleolíticos

Da modernidade do futuro passado.

E o que digo?

O que digo é que não digo nada.

O poeta é cobra que Deus deu asa

Ou talvez uma freira com toque de puta

Ou então puta com ar de freira.

O que é um poeta

Senão bunda de corcunda

Com os peitos de silicone vencido da bruxa?

Se já foi poetizado que somos tão fingidos

Que não sentimos o que sentimos.

O que é um poeta

Senão gato que alçou vôo

Nadando no chuveiro

Como palavras que caem

E tentamos dar sentido a elas

Sendo que são elas que dão sentidos a nós.

Doutro lado o poeta é

Palavra de anjo.

Anjo de rabo e chifre

Com odor de enxofre

Ou anjo de aureola e asa

Com perfume de suaves flores

Mas o que importa é que

Poeta é anjo

Poeta é cobra alada

Poeta é freira

Poeta é bumbum de bruxa corcunda

Poeta é Nena de Castro

Cida Pinho

Marília Siqueira

Bruno Grossi

Diane Mazzoni

E eu o que sou?

Aprendiz da palavra

Aprendiz dos mestres acima.

Comecei a fazer os versos acima dois anos atrás como um presente a Nena de Castro. Inspirei-me na música Pagu cantada por Rita Lee e mais ainda na poesia que são os meus mestres: Nena, Cida, Marília, Bruno, Diane e outros. E creio que daqui uns dois anos ela possa ficar boa, digna deles.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Cia Bruta de Teatro

Convidamos para "Oficinão de Literatura de Cordel", curso teórico-prático sobre Literatura de Cordel com metodologia e jogos teatrais.

Anexo Flyer.

Divulgue.

Inscrições no local ou pelo telefone.

Franklim Drumond – Secretário - Assessor de Comunicação
Cia Bruta de Teatro
Ipatinga|MG
31 | 38250807 | 85364938

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

SEMENTE


Rubem Leite

dezembro de 2005 – outubro de 2009

Cigarro entre dedos da mão esquerda.

A fumaça se aproxima de meu rosto

Sua brasa vem e vai ao meu peito.

Um tesão de medo com desejo.

Nos loucos, a razão

Nos bêbados, a verdade

Quem vive sem vergonha de ser feliz?

O bêbado racionaliza

A verdade do louco

Tenho coragem de ser feliz?

Faço a realidade que ainda não é?

Que é a morte para o poeta?

É a falta de coragem?

Agradeço aos meus pais de quem não vim.

Eles plantaram sementes...

E nasci de mim mesmo a contragosto

Ou pelo bom gosto que deixei.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

PAPÉIS


Rubem Leite – 07-09\10\09

É tudo um silêncio. Nada mais além do silêncio.

Às seis horas da tarde um garotinho de bermuda verde e camisa vermelha brinca sorrindo pelo Parque Ipanema. Do nada no ar desce uma folha de papel verde. Um minuto. Outra folha desce sobre o menino.

Às seis horas da tarde no Centro de Ipatinga as pessoas vão encerrando suas atividades. Do ar no nada descem folhas verdes de papel sobre a mutidão.

Às seis horas da tarde no Vale do Aço milhões de folhas verdes caem sobre cidadãos que não vêem de onde estão vindo.

É tudo um silêncio. Nada mais além do silêncio. Ninguém fala nada. Pasmos? Surreal!

Um carro para no Parque Ipanema. Quatro homens algemados em duplas saem do seu interior indo para a criança.

Um ônibus para na praça 1º de Maio. Dezenas de pessoas algemadas em pares saem do seu interior cercando a multidão.

Um comboio para na Região Metropolitana. Centenas de pessoas algemadas saem do seu interior fechando as cidades.

É tudo um silêncio. As árvores não dançam ao assobio do vento. Os carros não zunem a toda. As cigarras dormem em pleno verão. Nada mais além do silêncio.

Os homens vestidos de cinza andam em filas. Sentido ante-horário.

As mulheres vestidas de marrom andam em filas. Sentido horário.

Os idosos vestidos de roxo andam em filas. Sentido de uma reta.

As crianças vestidas de azul-marinho não andam.

É tudo um silêncio. Canhotos algemados pelo punho esquerdo. Destros algemados pelo punho direito. Sem perguntas. Sem respostas. Sem orientações. Sem dúvidas. O sol se põe com todos nas ruas. O sol nasce com todos em seus lares. Nada mais além do silêncio.

Pedro não está algemado a ninguém. Ninguém está algemado a Pedro. Ele entra em sua casa. Só. Não há sensações em Pedro. Ninguém tem sensações. Nenhuma emoção.

- Atenção! Emissora sintonizada com o mundo inteiro. Quem puder trabalhar, trabalhe. Quem não pode, deve se desativar. A ordem deve prevalecer.

Pedro diz para o rádio. Do silêncio do rádio ouve-se:

- Da Terra tudo acontece para o nexo. Do mundo dos espíritos para a Terra: Está na hora do mal e do bem fundirem-se. De Óberon em Andrômeda para Terra na Via Lacta: O caos corrige a desordem da ordem. Acate todas as ordens do ordeiro caos.

Ao invés de responder Pedro pensa: Conhecer alguém é difícil. Não conheço nem a mim quanto mais Sofia. Eu a quero... Será? É para sempre enquanto durar? É para sempre até o fim? Já quis Carla. Já quis Maria Flor, Eunice, Marina, Martha. Já quis Resende Junior. E com Márcia tive filhas... Filhas que morreram. Não tenho idade para sequer me conhecer quanto mais conhecer os outros. Mas acho que dessa vez é para valer.

- Olá, computador! Sua programação o faz trabalhar para mim. É preciso funcionar. Da tv saem tais palavras.

É tudo um silêncio. Canhotos algemados pelo punho esquerdo. Destros algemados pelo punho direito. Sem perguntas. Sem respostas. Sem orientações. Sem dúvidas. O sol se põe com todos nas ruas. O sol nasce com todos em seus lares. Nada mais além do silêncio.

Um som na lagoa do parque. Um nado no Ribeirão Ipanema. Uma onda no Rio Piracicaba. O sol se põe com todos em seus lares. Nenhum carro. Nenhum ônibus. Nenhum comboio. O sol nasce com todos na rua. Seis horas da manhã os cidadão vão trabalhar no Vale do Aço. Meio dia as pessoas exercem suas atividades em Ipatinga. Seis horas da tarde um garotinho de bermuda vermelha e camisa verde anda pelo Parque Ipanema.

É tudo sonoro. Nada mais além de sons.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

BESOUROS


Rubem Leite – 08/8/09 a 11/10/09

“E as sementes de sua fé foram plantadas no sangue, criaram raízes na vingança e floresceram através da morte”*.

No início da tarde meus pés desavisados esmagaram um pequeno besouro cáqui. Mais cedo meus pés se desviaram de um grande besouro preto.

Adiantando vários dias, após o ângelus:

- Olá! Aqui é da Secretaria Municipal de Cultura de Ipatinga. Com quem falo?

- Com Rubem.

- Gostaríamos de convidá-lo a assistir amanhã, às 15 horas, no sétimo andar da Prefeitura a posse dos Conselheiros do Conselho Municipal de Cultura.

- Ah! Sim! Obrigado! Estarei lá.

Passaram se alguns dias e a psicóloga Angélica com uma sombrinha que muda de cor e com flores bordadas vestiu-se de rosas para, travestida de poesia, coroar de rosas Rosemara de Mont’Alverne.

Voltando alguns dias. Conversa de conselheiros.

- Mas você não é um dos conselheiros?

- Sim!

- Como assim foi convidado a assistir?

- ...

- Acho terrível é na véspera nos convocar. Sem um tempo de remanejamentos de nossas agenda.

- Eu estava preocupado que acontecesse o mesmo que na gestão política passada onde nos convidavam e nada acontecia por própria confusão deles.

- A chamada foi assim, às pressas, devido à instabilidade política. Já pensou se o chapéu volte sem a oficialização do conselho? Seriam mais três anos nas trevas culturais.

Voltam-se alguns meses.

- Detesto escrever sobre política.

- Eu também. Confirma Marília Siqueira.

- Entristece-me não conseguir calar. Não suporto tantas coisas erradas.

- Eu escrevo pelo prazer e necessidade de escrever.

- Eu também. Mas sinto necessidade de dar minha contribuição de beija-flor.

- “O cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia”.

Voltando ao tempo quase presente.

Até Barac Obama ganha Nobel da Paz. Na minha insignificância de beija-flor não mais terei respeito pelo Nobel assim como há muito já não prezo a ONU. Basta almejar, não precisa alcançar, justifica a comissão julgadora do Nobel. Ou, penso, dizer que almeja...

E assim caminha a humanidade. A passo de besouro sob os pés desavisados. Quem há de escapar?

* Vingança Mortal, cap. 14 – J.D. Robb = Nora Roberts, editora Bertrand Brasil – 2006 – tradução: Renato Motta.

São agora três horas da manhã. Perdi o sono e comecei a ler um bom livro e em suas palavras me encontrei. Estou sozinho em meu quarto, mas na verdade não estou só, em absoluto. Sinto profundamente que estou sendo vivificado por Deus e enquanto escrevo ouço um concerto de violino de Bach. Sinto a presença de meus antepassados e moro com mamãe, meu irmão Jânio e tia Celeste, mais conhecida na família por Lelé. Tenho ainda Os cachorrinhos Haicai que dorme no quarto de minha mãe, a Cam que dorme no meu quarto, com tia Lelé dorme Decidido e o Vitório dorme na sala. Sortudo, o gatinho, deve estar gandaiando ou dormindo em uma de suas muitas camas – qualquer canto de qualquer lugar da casa. Como poderia ser eu infeliz? Sou artista, professo uma religião composta por um grupo de jovens que acreditam em Deus e se dedicam amor ao próximo, conheço um quase incontável número de pessoas maravilhosas e me relaciono com um número menor, mas ainda assim amplo, de gente boa. Penso na bondade dos desconhecidos. Alguns anos atrás tinha uma mochila cujo fecho do bolso estava danificado mantendo-o sempre aberto e quantas pessoas me diziam isso preocupadas, não querendo que eu perdesse algo. Muita gente ostenta ares afetados porque fazem ou pensam que fazem grandes coisas, mas quantas demonstram amor em seu dia a dia? Daqui a pouco as cigarras vão acordar para se despedirem da noite. Logo após os pássaros vão saudar a manhã. E eu converso com você que me lê. É curioso, acho, estou compartilhando um momento presente para mim; passado para você... Meus olhos começaram a coçar. Acho que o sono voltou. Vou continuar a leitura ao som de violinos e depois dormir mais um pouquinho. Mas antes gostaria de pedir que me contasse algum momento assim, pessoal, seu. Inté!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

LIBERDADE ABRE SUAS ASAS SOBRE NÓS


Rubem Leite – 11-10-09

Quando eu era menino meu irmão mais novo soltou um passarinho. Papai diz que o que ele fez foi errado. Não sabemos se o passarinho morreu ou ficou feliz. Meu irmão cresceu feliz. É um artista. Eu mantenho o meu preso até hoje.

O sol nasceu, atravessou o céu e se pôs.

Lua minguante. Lua nova. Lua crescente. Lua cheia.

Uma manhã uma sombra entrou pela porta fechada. Atravessou-a. Na sala os cães viram a sombra, ganiram e se espalharam pelos esconderijos da casa. Na cozinha o gato olhou para sombra e saiu para a rua. Ouvi e vi o gato. Ouvi e vi os cachorrinhos. Nada mais vi. Não ouvi nem o pássaro que sempre canta na gaiola pendurada na janela de meu quarto. Eu e meu pássaro vemos continuamente a aurora vestida e cotidianamente dormimos com a noite nua. Vemos as árvores trocarem de roupas e enfeites para seus diversos bailes. A sombra visitou todos os quartos? Visitou todos os banheiros, todos os cômodos, o quintal? Na rua nenhum som de carro. Nas casas vizinhas nenhum rádio, tv ou voz. Só o silêncio da sombra. Com um caju escorrendo pela boca entro pela cozinha no silêncio da casa. Aí lavo meu rosto, bebo uma água, ponho um vinho seco num cálice e vou para meu quarto. Numa cadeira de madeira que uso como criado mudo deposito o vinho tinto, aconchego em minha cama, pego um dos livros que estou lendo e passo o tempo. E o pássaro em silêncio. Uma sombra se mostra no chão do corredor. – Quem é? – Os mais belos cabelos negros, provavelmente o vento dançou com eles, se mostra. Depois vejo uma das mãos mais brancas. – Quem é? – No umbral uma linda mulher. Que vestido. Azul. Não, vermelho. Não, amarelo. Sim, é branco! Que sorriso. Que olhos.

- Bom dia! – Que voz – Vim conhecer você.

- Você é linda.

Que riso. – Você é galante. – Ela me fala estendendo a mão. – Venha comigo.

- Sim! Para onde?

- Para sua casa.

- Ah! Moro aqui.

Seu sorriso se abre. – Venha!

Levanto e sigo. Os cachorros continuam em silêncio. O gato está longe.

- Espere!

Volto, fecho o livro, colocando-o na cadeira. Sorvo todo o vinho. Abro a portinha da gaiola. O pássaro em silêncio e quieto. Enquanto pego a mão da dama o pássaro voa. Saio da casa enquanto o pássaro canta.

sábado, 10 de outubro de 2009

A CRIANÇA FEIA


Rubem Leite

Escrita entre 04:05 e 04:40 horas da manhã

de 19 de setembro de 2009

segundo um sonho com o qual acordei.

Os três amigos de ternos brancos, chapéus elegantes de palha, camisas claras, gravatas listradas em vermelho e azul conversam sentados ao redor de uma mesa debaixo de uma rara árvore sob a tarde quente como sempre. O mais amarrotado pela noite anterior – nenhum se deitara ainda – levanta e corre. Os dois que ficam riem e continuam a conversa. Passando o mais rápido possível que pode pelas espaçadas árvores tenta chegar a tempo.

Duas mulheres de longas saias pretas, uma com camisa vermelha e outra com camisa azul conversam alegremente com outra de calça preta e camisa azul e vermelha. Caminhando as três com imensos e elegantes chapéus de palha riem: “Parece que o ‘Lima’ está indo para a obra”. “Torcendo as pernas daquele jeito”. E continuam levando abano carregado de frutas.

Finalmente, tentando limpar o suor com o lenço já molhado chega à aldeia. Bela, pequena, tentando ser fresca. Entra tirando as calças e a cueca numa das baias, fecha a porta e se acocora. Ao vê-lo entrar os homens e mulheres que preparam a refeição da noite riem: “O ‘Lima Duarte’ não cria modos”. “É! Não toma jeito”. “Aposto que vai sujar o terno”. “Parece menino”. “Com mais de sessenta anos e ainda chupa bico”. Rindo o ‘Lima’ nada escuta além dos barulhos que lhe escapam. Com o paletó sujo se limpa, com o terno nas mãos vai para a baia de banho e depois para a casa pensando nos doentes que vai visitar, no jantar que não sai e finalmente na cama que o espera como a melhor amante.

Passa pela criança feia. Pele encardida, imensos olhos amendoados e pretos sem a parte branca, cabeça com cabelos da cor dos olhos, imensa para seu corpo normal. Para. Olha para o menino deitado que fixa o vazio com o cabeção tombado. Admira a imensa árvore que o sombreia. Reflete. Decide. Tira o bico do bolso, põe na boca da criança feia. Nada. E... Uma sugada. Outra, outra, outra e sai deixando a criança feia com o bico quase caindo falando como se chorasse, berrasse “Quero comida”.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

VULCÃO DE IDÉIAS


“‘Quem ama não vê defeitos. Quem odeia não vê qualidades e quem é amigo vê as duas coisas! Adoro as sutilezas do nosso dia-a-dia, a natureza todas as manhãs me trás uma sensação diferente se estiver aberto a elas... Estou lendo um livro sobre movimento corporal que diz que devemos prestar atenção em quem está mais próximo da gente e quem está mais próximo da gente somos nós mesmos. Agradecer às pequenas bênçãos para sim concretizar os grandes milagres. Abraços! Muito Obrigado!”.

Não sei quanto tempo atrás recebi de Mayron Angel pela internete a mensagem acima. Interessante, não? Serve-me de mote para o que a gente vai conversar. Ofereço o texto a Mayron, e aos aniversariantes João Carlos, Nilmar Laje e Luciano Botelho.

No momento em que escrevo o presente texto a noite já caiu. Estou no meu quarto com a luz apagada, mas a porta aberta permite que uma penumbra ilumine o suficiente o teclado do Honorino.

Acabo de ler o livro “Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento”, de Marina Colasanti. Alguns contos detestei e uns nada senti. De outros gostei e um me encantou: Palavras Aladas. No próximo parágrafo minha versão resumida do conto. Poucos dias atrás li, também escrito por mulheres, os livros “A História de Despereaux” (Kate diCamillo) e “Coroai-me de Rosas” (Rosemara Mont’Alverne). Nesses três livros mais uma vez mergulhei na sutil diferença da escrita masculina e da escrita feminina. Um sujeito me disse não gostar dessa diferença e por isso não lê os livros escritos por mulheres. Surpreendi-me.

Cerquei meu coração com um muro alto e o fechei com uma redoma para nenhum som entrar. Mas se não entra também não sai. E as palavras que meu coração dizia, aprisionadas foram se acumulando até não ter lugar para mais nenhum verbo. As idéias começaram a murchar sufocadas. Tudo foi ficando apertado, agoniante. Não suportando mais tanta dor marretei o muro desabando junto a redoma e numa erupção vulcânica tudo se enlameou, muitos se machucaram para sem muita demora começarem a sair flores. Algumas com espinhos. Mas todas vívidas.

Quis dizer “ejaculação vulcânica”, mas não querendo ferir a sensibilidade de alguns escrevi o jargão comum. Ejaculação! Palavra interessante, não acha? Vulgaridades a parte acho tal palavra muito fecunda... É como o homem que não gera, mas fecunda, ao contrário da mulher que gera, mas não fecunda. Qual é melhor: gerar ou fecundar? Deixa eu ver... Sem fecundar nada é gerado. Sem gerar o “ato” de fecundar é vão... Acho que não há superioridades e sim complementos. Deixa-me ver no dicionário o que é ejacular. Para isso vou acender a luz. Com licença.

Do latim ejaculare. Emitir, lançar de si. Derramar com força ou com abundância – Novo Dicionário da Língua Portuguesa – de Cândido de Figueiredo – sétima edição (publicada no 1º quarto do séc. XX).

Mediocridades à parte (acho que não sou um) gostei ainda mais da palavra ejacular. É assim que escrevo. Derramo fortes e abundantes palavras lançando minhas idéias para que você – leitor/leitora – gere suas próprias idéias, interpretações, conclusões.

Capto-percebo o máximo do que há ao redor, leio e escrevo bastante, vivo o máximo que consigo, deixo fazer parte de mim e quando amadurece deixo sair em forma de palavras-idéias. Apaguemos a luz e na penumbra, a sós e bem juntinhos, remoemos nossas idéias...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Divulgação: A FAMÍLIA DE ARTHUR

A FAMÍLIA DE ARTHUR

Por sorte, sobrou um são para contar esta história.

Você não pode perder essa estréia!


Adquira seu ingresso antecipado:

* AGITO Homem - mulher
Rua 15 de Novembro, 95, loja 01 - Centro - Timóteo/MG TEL: 3848-1813

* IN VISTA COMUNICAÇÃO
Rua Ficus, 161, sala 306 - Horto - Ipatinga/MG. Referência: prédio Em Frente a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.

TEL: 3824-5006 - tratar com Vinicius Todeschi

* Ariane Gandra
Graduanda do Curso de Psicologia - Campus I do Unileste/MG (Caladinho - Cel. Fabriciano/MG)
Bloco E - Sala 203 - 2º período - Noturno Tel: 87084844

* Alexandre Gonçalves

Graduando do curso de Engenharia de Produção - Campus I do Unileste/MG (Caladinho)

Noturno Tels: 8894-7138 e 9272-2884


E com os demais integrantes do GRUPO DE TEATRO ATEMPUS.
Tel: (31) 8872-2351

As pessoas de nome "Arthur" pagam meia entrada, basta apresentar o documento de identidade.

A VOZ MINHA VÓS ou MASSACRE DE IPATINGA – 46 ANOS

06 e 07 do 10 de 2009


- É tudo ilusão. Ilusão como ser feliz para sempre.
- Não!
- Chore, criança. Não importa sua idade, chore.
E um choro pequeno, baixo acontecia.
- Felicidade é idiotice. Amor é estupidez. Esperança é ridícula.
E o choro crescia.
- Acha que o mundo é um conto de fadas?
- Não é?
- O mundo é um conto de terror.
E o choro acontecia.
- No mundo não existem donzelas em perigo, cavaleiros em armaduras reluzentes, príncipes encantados. No mundo o que existe são bruxas perigosas, cavalheiros em mantos negros, escravos acorrentados. O que existe é um chapéu segurando uma Bíblia montado num cavalo. Isso é tudo que existe.
E o choro, grande e alto.
Enquanto a voz de uma pessoa alta de pensamentos baixos, imensa de coração minúsculo, larga de mente estreita destilava mais trevas uma porta se abriu. Uma réstia de luz passou pelo vão atingindo parte do rosto de Benito. Acaso?
- Ah!
- Está se sentido ridículo?
- Nã-não! Estô-ou com esperança.
- Esperança? Rarrá. Pare e pense. Nada mais existe além do chapéu no cavalo. O que você sente é o ridículo.
Pela porta entra da rua o som de um canto de pássaro mudando a esperança para felicidade. Coincidência?
- Sente-se idiota, Benito?
- Nã-não! Estou bem, quase feliz.
- Feliz? Rá. O que você ouve é o chapéu falando pela Bíblia das trevas.
Benito, dando um passo para frente, tem o rosto todo preenchido pela luz transformando o bem estar em alegria e acrescentando amor à sua vida. Destino?
- Está se sentido estúpido, rapaz?
- Não! Tenho esperança. Estou feliz.
- Você é amado, Benito. O chapéu te quer. Ele está vindo a cavalo pegar você amarrando em seu sovaco uma Bíblia i-gual-zi-nha. Ouça! Está escutando um relincho? Está escutando o livro? Estou vendo a sombra do chapéu entrando pela porta. Ai! Agora é tarde. O chapéu já entrou.
- Agora é tarde, voz. Se ele entra ou não estou livre. Nunca autorizei sua presença. Se me é imposta o enfrento. Não sou donzela em perigo. Uma porta sempre se abre quando outra fecha. Príncipes encantados? Escuto a voz das aves. Se precisar de armadura reluzente, tenho a arte. Eu dou meus próprios passos. Se não puder falar, escrevo. Se não puder agir, interpreto. Se não puder ensinar, conto estórias. Se não puder aprender, leio livros.
Aproximo da porta que se escancara. Sorte? O chapéu tenta apertar minha mão enquanto passo pela porta pondo-me ao sol. A Bíblia das trevas se aproxima para me seduzir, mas o sol a abate. O cavalo tenta me coicear, mas está amarrado. Eu caminho solitário. Só. Bem longe vejo outros já livres. Ouço outros ainda se libertando. Eu caminho esperando encontrar companheiros. Vejo Rezende Junior andando. Sorrio!

Rezende Junior segue à frente de uma pequena fila. Junto-me à procissão que cresce a cada metro. Seguimos para a Praça dos Três Poderes. Circundamos a Prefeitura, a Câmara, o Fórum. Rezende, eu e Gálu paramos frente ao coreto das bandeiras. Atrás de nós três carpideiras e uma viúva. Rezende desce a Bandeira de Ipatinga e a viúva o ajuda a colocá-la no caixão. Laia levanta uma arma apontando-a para Rezende e a viúva. Corações disparam. Bocas param num “óóóó”. A multidão a cerca. Laia é covarde e corre, foge para o interior da ex-prefeitura. No alto da Catedral das Trevas o chapéu recebe Laia que entra com Unzinho Qualquer. A procissão continua.
- Se não fosse Artista aposto que você participaria. A voz diz.
- Se não fosse a Arte a procissão não aconteceria. Responde Benito.
A procissão não para. Bandeira morreu do câncer que lhe corroeu quase 30%. Outros 40% gemem e choram transformando o Vale do Aço em Vale das Lágrimas. Alguns fazem alguma coisa. Quantos? Chegamos à Senhora da Paz. Não se sabe se é antes da noite ou se é antes do dia. Tudo é penumbra.
- Que seja aurora, meu Deus. Falo para mim mesmo.
No cemitério a viúva chora. Chora. Chora. As carpideiras ajudam. Alguns fazem alguma coisa. Quantos? O quê?
- A lama que vocês irão comer é por causa dos que não me querem. Eu sou Moisés que matou um homem por Deus. Eu sou Jesus que iria salvá-los. Eu sou Deus que os destruirá. Mas não se preocupem. O câncer que destruiu a Bandeira serão os salvos.
Enquanto o chapéu discursa Laia fala para Unzinho Qualquer:
- Serão salvos até que o chapéu os devore.
Riem.
- A penumbra perdura. Estou com frio.
- Não posso acreditar, viúva.
- Três anos? Serão três anos de trevas, Benito?
- Não posso acreditar, Gálu.
O sorriso do sol? Será só esperança ou será que ao longe o sol realmente começou a brilhar? Deus! Creio que a multidão na paz e com força estará agindo.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

EUTRO

Minhas impressões durante a oficina “Varal de Poesia”,

ministrada por Sandra Bittencourt nos dias 29-9 a 02-10 de 2009

no Centro Cultural Usiminas durante o 4º Salão do Livro do Vale do Aço.

O que põe uma coisa no jeito? É a palavra.

Muito apreendi e quase integralmente foram coisas introspectivas, como os olhares, as lágrimas, as palavras, os sorrisos dos meus colegas participantes. E os meus próprios sorrisos, lágrimas e olhares? Ah! Esses estão em meu coração. E o meu coração se faz visível em minhas escritas.

Pegue um objeto. Vamos, por favor, pegue. Qualquer um. Jogue-o no chão. Pegue-o de novo. Abra a mão. O que esse último ato lhe diz? Eu, você e todos os outros aprendemos através dos sentidos e para tanto é preciso se abrir para si, para o novo, para o mundo. Eu e você. O outro em mim. Eu no outro. Eutro. Jogando fora o problema pode-se pegá-lo de volta. Se abrir a mão dá-se novo significado.


Nasci e ninguém fez uma amostra de sons nem objetos. Nasci e ninguém me fez uma amostra de sons nem objetos. Hoje eu mesmo faço minhas definições, guardo-as um tempo e solto.

Segundo nos foi contado por Sandra algumas tribos indígenas do Brasil e mais ainda em muitas tribos africanas quando nasce uma criança cada membro da tribo sai pela floresta ou pela tribo buscando sons e objetos para apresentar ao recém nascido. O som, imagem ou objeto que atiçar o bebê será sua matriz de vida. Não deixando nunca se perder a matriz para que toda vez que se fizer necessário à criança/jovem/homem ou mulher/idoso tem onde se refugiar por um tempo, onde se fortalecer para resistir, persistir.

Quem sou eu? Da palavra Rubem descobri que sou possessivo, individual, imperativo, acusatório, positivo e tanto mais. Eu, meu, me, um, réu, reme, bem, em, ué, buuum, bumbum, breu.

O que atrapalha uma coisa? É a palavra.


Acabou

Se não me escuta não vou te chamar

Do carnaval se desbota para 4ª feira de cinza

Acabou

Minha dor criança

Minha dor humana

Acabou

Nunca bateram à minha porta

Recomeço então o vôo da borboleta

Acabou

Voa minha alma

Oferecendo a si.

Encontrei num dia de semana

Numa manhã de sol

Uma fada vestida de cor

Com um pandeiro mágico

Ela se despiu

E me deu de si

Numa música

Num jogo de palavras

Depois se foi

Tocando seu pandeiro mágico

Deixando-me seu vestido

Sob as folhas de uma árvore

Que uma vez soltas

Voam e não voltam

Ó deficientes

Com aleijões no amor

Na audição, na visão

Não digo os surdos ou cegos

Mas os que não sabem amar

E não sabem serem amados,

Ouvir, ver, tocar, aspirar, experimentar

Acorde!

A cor é você quem dá.


Encerro nossa conversa com o ensinamento de Guimarães Rosa “Silêncio é a pessoa grande demais”.

O que mantém as coisas no seu melhor estado? É a palavra.

Palavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavra.