segunda-feira, 27 de maio de 2013

UM CONTO DE FADAS SAFADAS

Obax anafisa.


Era uma vez, em um reino distante, um príncipe de alabastra pele louçã e de madeixas louras ao raiar do sol. Seus olhos, duas safiras. Seus lábios, rubis.
Apareceu uma perereca e lhe disse “Beije-me, meu príncipe de olhos de safira e lábios de rubi e eu me transformarei em uma linda princesa”. E o príncipe contestou: Não, não, não! Jamais colocarei meus principescos lábios de rubi em uma coisa tão repugnante. O que me diria o meu time celeste se soubesse disso?
A anfíbia nervosa, estressada e com ódio disse: “Vou te destruir, príncipe de alabastra pele louçã e madeixas louras ao raiar do sol, por me deixar seca, seca, sequinha”. Ela procurou uma bruxa malévola para sua vingança. A bruxa era ligada à Maldita Trindade. Ela era filha do Edi Mais Cedo, esposa do Mala e Faia e mãe do Filie Esse Ano, pegou sua Biba Sangrada, leu umas palavras e a urucumbaca aconteceu.
O príncipe de alabastra pele louçã, louras madeixas ao raiar do sol, olhos safíricos e lábios de rubi caiu numa alienação total que mais parecia um sono terrível.
Então numa bela tarde apareceu, de outro reino distante, um príncipe encantando de pele cor de jambo e cabelos “blequepáuer” ao por do sol. Seus olhos, duas jabuticabas. Seus lábios, carmim. E puxou uma conversa, mas dos lábios de rubi de nosso príncipe de pele de alabastro, madeixas louras ao raiar do sol e olhos de safira não saía coisa que prestava. Então o grande príncipe alienígena de pele cor de jambo e cabelos “blequepáuer” ao por do sol, olhos de jabuticabas e lábios de carmim o desafiou para um duelo de espadas e a peleja foi tamanha que o príncipe de pele louçã, madeixas louras ao raiar do sol, olhos de safira e lábios de rubi foi obrigado a pensar, raciocinar e se curou da alienação, e juntos passaram a lutar contra os bruxos maus do mal.
A anfíbia foi se acalmando com o passar do tempo e quando seu ódio arrefeceu e morreu ela se arrependeu do que fez, conheceu uma irmã de espécie e foram felizes para sempre. Sabendo do perigo, a bruxa e sua família fugiram acovardados para um poço de fogo no fundo da terra e lá sofreram os horrores inomináveis com que ameaçavam a humanidade pacífica. E os dois príncipes dividiram um castelo e foram felizes para sempre.


Ofereço como presente de aniversário:
Kátia G. Paula, Ivone M. Andrande e Claitom Luz.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.


Escrito entre 12 de abril e 27 de maio de 2013.

terça-feira, 21 de maio de 2013

CANTINELA


Oi, Renato Gonçalves, Beto de Faria, Geraldo Valentim, Sinésio Bina, Tiago Costa e Deivid Paula!


”Riqueza é fruto de Amor, Sabedoria e Vida”.
(Palavras de Luz 2011 - M. Masaharu Taniguchi).


O mosquito voa sem rumo
Pousa e repousa na estante
Nos livros descobre prumo
Vida não é só instante.

El mosquito vuela sin rumo
Posa y reposa en el estante
En los libros descubren plomo
Vida no es sólo instante.

Eu gosto das regras. Na religião que sigo entendemos que a liberdade não é carência de obrigações, mas sim obedecer às leis. Exemplo: Dizer que liberdade é atravessar a rua sem observar o semáforo é burrice. Sejamos livres! E um segredo para a verdadeira liberdade: eu me livro dos males lendo bons livros. Porque o verbo livrar vem do substantivo livro. Ou vice-versa. Porém, livrar e livro têm a mesma origem.

Me gustan las reglas. En la religión que yo sigo entendemos que la libertad no es carencia de obligaciones pero sí obedecer a las leyes. Ejemplo: decir que libertad es atravesar la calle sin observar el semáforo es tontería. ¡Seamos libres! Y un secreto para la verdadera libertad: yo me libro de los males leyendo buenos libros. Porque el verbo librar viene del sustantivo libro. O lo contrario. Pero, librar y libro tienen el mismo origen.

Eram dezesseis olhos
Nossa aranha bem legal
Riam dela e de seus óculos
As moscas no matagal.

Eran dieciséis ojos
Nuestra araña muy buena
Reían de ella y de sus gafas
Las moscas con su cantilena.

Para vocês, amigos: obax anafisa! Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. Os versos e prosas são minhas flores para vocês e faço votos de que encontrem neles pedras preciosas.

Para vosotros, amigos: obax anafisa! En banto, obax anafisa significan flores y piedras preciosas. Los versos y las prosas son mis flores para vosotros y deseo que encuentren en ellos piedras preciosas.

A noite se banhou
Para se vestir madrugada.
E a madrugada se perfuma
Para se vestir manhã.

La noche se bañó
Para se vestir madrugada.
Y la madrugada se perfuma
Para se vestir mañana.

Asfalto corrompe flor
Flor rompe asfalto.
Tempo percorre o urbano
Humano morre sem tempo.

Asfalto corrompe flor
Flor rompe asfalto.
Tiempo recorre el urbano
Humano muere sin tiempo.


Escrito entre os dias 18 e 21 de maio de 2013.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

HÓRRIDOS PERIGOS


Obax anafisa.


Da janela se percebe a noite espreitando um meio de adentrar o quarto e nos devorar de fora para dentro, de dentro para fora e...
- Que isso, Benito! Uma história de terror?
- Não, cara! É só para criar um clima, fazer um suspense.
- Besta!
- Uarrarrá! Na verdade o que quero dizer é: Precisamos usar os conhecimentos que temos, e nas mais variadas áreas para conseguir algo.
- É... Mas como?
- Huum! Por exemplo. Estou estudando espanhol e descobri que “escalera” é o mesmo que escada para nós. E me perguntei “Por que escalera? O que tem em comum com escada?” e não via a semelhança até que notei que ambas começam iguais: “esca”. Pensei mais ainda e notei que escalera lembra escalar. Daí eu vi que a origem da palavra em espanhol é escalar o que se queira, um prédio, por exemplo. E em português? Es-ca-da. Se no espanhol vem de escalar quem sabem a nossa não vem de es-ca-la-da?
- Nossa! Complicado...
- Né não. É só parar para pensar. Unindo as informações que se tem para chegar a uma conclusão.
- Tá! Mas qual a importância disso?
- Uai! São tantas. Desde o simples conhecimento à “malhação”, “musculatura” do cérebro. O princípio é o mesmo para qualquer aprendizado. E, no meu caso, compreensão e não mera decoreba de uma língua que estou estudando.
Entra em meu quarto o vento e simultaneamente à sua saída me despeço de meu amigo.
- Com quem você estava conversando?
Maria pergunta quando Benito desliga o celular e ele responde:
- Era um adolescente que eu estou corrompendo, aliciando, desencaminhando.
- Kkkkkkkkkk. Deus queira que você consiga, pois eles não querem saber de conserto.
- Era usuário de drogas banais e outras mais... Largou-as para um vício maior: a leitura
- Ô glória! Saiba que aquele que tirar do caminho ruim um pecador receberá do Senhor a gloria por vir.
- Leitura faz pensar, pensar faz questionar, questionar faz cobrar, cobrar incomoda. Por isso são desencaminhados, corrompidos, aliciados. Pelo menos é que dizem os governantes...
- Parabéns! Tenho muitos ex-alunos encerrados na prisão, pois não quiseram mudar de vida; apenas passaram pela escola...
- Também alguns de meus ex-alunos pouco aprenderam. Mas acho que a semente lançada nunca se perde. Apenas busca nas próprias experiências o necessário para germinar.
- Alguns são presos pela falta de oportunidade. Como vi na peça européia, de sei lá quanto séculos atrás, O pastelão e a torta: “Minha fome convenceu meu amigo a roubar (a torta)”. Outros são presos porque tiveram oportunidade de aprender, e incomodam...
- Por isso digo: Leia e deixe ler!
- Que isso, Benito e Maria? Lição de moral para o leitor? – Ironiza Paulo, que da varanda, de costas para os brincos de princesa, nos observava antes de entrar com o irmão, Pedro.
“Deus meu! Espero que não”. Benito responde e Maria completa: “Foi só transferência em palavras, obvias talvez, do pensamento geral, talvez não obvio, de muitos”. Benito retoma a palavra: “Que bonito é falar difícil”.
- Belo livro! – Paulo aponta para a mesa encerrando o assunto antes que Maria mandasse o amigo para algum lugar escuso. Não estava disposto à briga alheia. Pedro começa outro tema de conversa. – Que livro é?
- É uma versão para crianças de Os Lusíadas, de Camões.
Paulo pega, abre ao acaso e lê:
- “Não é ficando encostado às glórias dos seus antepassados; dormindo em leitos de ouro; entregando-se a exóticos manjares, a passeios ociosos, a deleites infinitos, que se alcança a imortalidade”¹.
Pedro continua:
- “É, antes, buscando com seus próprios esforços as honras que possa chamar suas; é vestindo a armadura, sofrendo tempestades cruéis, vencendo frios que enregelam e regiões desabrigadas, é comendo alimentos apodrecidos; é mantendo no rosto, que empalidece, a expressão firme e decidida, quando vê a bala, assobiando, tirar a perna ou o braço ao companheiro, que o homem alcança a verdadeira glória”¹.


Ofereço como presente de aniversário:
Guebel Stevanovich, Léo Coessens, Adê Araújo, Marquim de Faria, Vinicius Cabral e Márcio F. Amorim;

¹ CAMÕES, Luís Vaz. Os Lusíadas (seleção e adaptação: Elsa P. Magalhães). Rio do Mouro (Portugal): Girassol, canto VI.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

Escrito entre 25 de março e 20 de maio de 2013.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

AS MADEIRAS SÃO SONHOS D’ALMA TRISTE


“O mundo sofria de falta de ar até que surgiu a música e a música foi quem deu movimento e oxigênio ao ar para dançarmos enquanto vivemos”.
DOMINGUES 


Eu sou galo. Canto de felicidade. O dia ainda antes de aparecer, escuro, já rico em certeza de sol eu canto. Dormindo solo eu canto. Dormindo acompanhado eu canto. Antes, durante e principalmente depois eu canto. Disseram-me que Xico Sá disse coisas assim, num dedim de prosa. Não sei, mas se falou bom para ele. Eu, por mim, fico nos meus versos e prosas e cantos.

Escrevi e outros também
No desencontro do indivíduo
O encontro do coletivo
E condutora maestra
A divergência do desencontro
Na união do encontro.
O eu do ser
O alguém em ninguém
O ninguém de alguém.

Minha canção se interrompe em cinzentas vozes.
- ME ENTREG’AGORA!
-
- SI VIRA, VADIA, E ME PAGUE!
-
- QUÉ MAIS BRIL VERMEIO AMARELADO? ENTÃO MIDÁ UQUIÉ MEU.
- Keite Bokeite, númi équis tréssi!
Cantar com gosto de cinza. Mas cinquenta tons, menos ou mais, são deprimentes. Não desvalorizo o cinza, jamais, e amo o branco e o preto. Mas convenhamos, amizade colorida é também muito bom.

Eu me livro...
Hortelã nascido
Sob o céu
Doce de Leite
O bambu cresceu
Verde jante
Escorro-me ao deitar sobre
Folha no riacho
O livro meu eu.

Do tanto que não conheço eu sei que sou galo cantante e dançante, que gosto de colorido quase tanto quanto do alvinegro. Ei! Olha! O sol está despontando. Está vendo? Ainda não apareceu a bola laranja, mas o céu, ah!, como está rubreando adourado o verdadeiro sol. Eu canto não num canto, mas todos os cantos para todos os cantos. Eu sou galo. Ei! Ouça! Os pássaros estão despertando. Está escutando? Ainda é só um me acompanhando, mas já estão chegando. A brisa passa dançante.


Ofereço como presente de aniversário:
Janete Reis, Valdir do Carmo, Elisangela Guilherme, Rosangela F. Sulidade e Roseny A.M. Souza.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

DOMINGUES, Thiago – Quando Nasce a Hora – retirado do sítio Palavras e Gavetas na manhã do “fim do mundo” de 2012. O título vem do poema Soneto ao Mês de Maio, também de Thiago Domingues. Respectivamente:

Versos inspirados na oficina “O verso nosso de cada dia na construção do ser poético e na educação do olhar”, ministrada por Heloisa H. Davino Alves, no 7º Salão do Livro, Ipatinga MG – 2013.

Escrito entre 17 de fevereiro e 13 de maio de 2013.
Viva Nossa Senhora de Fátima!
Viva minha mãe, sua mãe, todas as mães!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

FLORES E FOLHAS


Obax anafisa.





No domingo às onze horas da manhã no camelódromo o homem magro, barba grisalha bem aparada, camisa azul celeste de mangas compridas, gravata com estampa em seda vermelha, terno azul marinho sem o paletó, sapatos pretos engraxados e meias também pretas.
O homem não feio passeia com um garotão bonito.
O rapaz de musculatura definida, imberbe, camiseta branca, calça dins rasgada no joelho esquerdo, botas parecendo coturnos marrons.
Os dois riem do que falavam.
- O senhor pode comprar amendoim pra mim?
- Sim, claro!
Param numa barraca e o adolescente pega um pacotinho.
- Quanto é?
- É seu filho? – Pergunta a camelô com olhar irritado.
- Não! – Responde rindo.
- É um real. – Diz a mulher com raiva pouco disfarçada.
O homem paga, o jovem come e saem olhando as árvores da João Valentim Pascoal sem dizerem que são amigos, são professor e aluno. E discutindo as coisas da vida, a língua portuguesa e nossa literatura. Falando do 7º Salão do Livro de Ipatinga (2013) e comentando o livro ilustrado que o homem lá ganhou: “Os Lusíadas: episódios fabulosos”, de Luís de Camões.
“As ninfas do rio Mondego por longo tempo choraram a morte de Inês, e para que a sua memória para sempre perdurasse, transformaram as lágrimas em fonte pura, e puseram-lhe o nome dos amores de Inês”¹. Recita o professor e o aluno responde “Pedro continuo a amá-la para lá da morte, e quando se tornou rei, mandou que o corpo de Inês fosse sentado no trono; e ali, depois de morta, a fez rainha”¹.
Enquanto os dois conversam pela cidade penso nas pessoas que plantam azáleas para e por aqueles que se vão. E penso também nos que escrevem. Ambos, creio, não fazem em vão.


Ofereço o cronto à Nena de Castro, grande jardineira das palavras e amiga melhor ainda. Força para superar o passamento de sua mãe e coragem para transformar suas dores em flores e folhas.
Ofereço também ao meu tio Du (Sebastião M. Weber), que retornou ao mundo espiritual na noite de 08 de maio de 2013. E ofereço aos seus irmãos [Mª Ettiene (minha mãe) e aos tios Beto, Celeste e Belinha] e à sua esposa, tia do Carmo.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. Os versos e a ilustração são nossas flores para você, que me lê, e fazemos votos de que encontre neles pedras preciosas.

¹ CAMÕES, Luís de (seleção e adaptação de Elsa P. Magalhães). OS LUSÍADAS. Rio de Mouro (Portugal): Girassol Edições Ltda. Canto III.

Escrito entre 16 abril e 09 de maio de 2013.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

QUANDO EU FLOR


Obax anafisa.


Era uma madrugada escura em boa parte do mundo e onde eu moro foi possível escutar o trem e o canto do galo enquanto eu poemava:
Quando eu flor e quando tu flores ele também será flor
Assim a Terra talvez se torne flor.
De qualquer modo, se todos florescerem
A humanidade será de Deus a flor.
Cuando yo flor y cuando tú flores él también será flor.
Así la Tierra talvez se cambie flor.
Sin embargo si todos florecieren
La humanidad será de Dios la flor¹.
Enquanto eu poetava, no feicebuque alguém me falava:
- Oi você está onde?
- No Brasil, em Minas Gerais, em Ipatinga, no Centro, em minha casa.
- Você namora, Benito?
- Às vezes sim, às vezes não. Às vezes eu me namoro. E você, namora?
- Não! Sou solteiro.
- Huuum! Justamente são os solteiros que namoram, senão seriam casados.
- Você é casado, Benito?
- Não! Sou solteiro.
- Então você namora ou não?
- Às vezes sim, às vezes não. Algumas vezes alguém, outras a minha mão.
- Você já ficou com homem?
- Uarrarrá! Por que tantas curiosidades?
- Por nada. Eu já fiquei com homem.
- Huuum! Interessante!
- Eu já fiquei também com mulher.
- Huuum! Interessante!
- Eu já fiquei com os dois, homem e mulher.
- Huuum! Interessante!
- Eu já fiquei sem ninguém.
- Huuum! Interessante!
- Só isso que você diz, Benito?
- Não, mas acho que vou dar uma poetada agora. “Equisquiúzime”.
Yo me voy a salir
Sin pensar donde ir
Yo me doy en sonrisa
Como se fuera una brisa.
Eu vou sair
Sem pensar onde ir
Eu me dou em sorriso
Como se fosse uma brisa.


Ofereço como presente de aniversário:
Ju Ferraz, Newton Leite, Luan Luna, Diogo Henrique, Mariana Almeida, Diego Martins e Gisele N. Costa.

Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

¹ Versos inspirados, porém não plagiados, em texto de um desconhecido.

Escrito entre 17 de fevereiro e 06 de maio de 2013.