segunda-feira, 26 de junho de 2017

BARRA ALEGRE – RESPIRAÇÃO, INSPIRAÇÃO, DESESPERAÇÃO


  
Leitura do cronto pelo autor em:

Esta história se passa na escola E.E. Caetana América Menezes, no Barra Alegre, bairro de Ipatinga, MG. Mas, antes, o dia amanheceu sombrio. E, durante, os sóbrios professores dão suas aulas. Alguns até tentam sorrir, mas... Bem, a história foi nesta escola, mas poderia ser em outra... Acontece em todas.
- Gente! Verbo é o que permite um diálogo, que ocorra a comunicação. Por exemplo, se digo “homem”, “casa”... E aí? São apenas palavras. Mas se digo, por exemplo, “O homem entrou na casa. O homem grita na casa. O homem fugirá da casa.” comuniquei algumas coisas; aconteceu uma conversa, um diálogo com vocês. Entenderam?
- Sim, professor. – Vozeio de quase metade da turma.
- Então, no primeiro e segundo parágrafos do texto Galinha ao Molho Pardo, de Fernando Sabino, tem quantos verbos?
“Tem 23, professor!”. Diz uma aluna e outro intervém: “Não, tem 13”. “Oceis tão tudo errado. É 18”, fala o terceiro estudante.
O professor abre a boca. E, após alguns segundos:
- Não, são oito os verbos. E desconsiderando os que se repetem, quais verbos estão no passado?
- É pra dizer quantos verbos tão no passado, professor?
- Não. Não quantos, mas quais são eles.
- Era... Tinha... Um... Quase... Gabiroba...
O professor abre a boca tentando respirar. E, após alguns segundos:
- Não, não. “Era” e “tinha” estão certos. Mas “um” é numeral. Já “gabiroba” é uma fruta. Se não a conhece é só prestar atenção no texto: “... um pé de gabiroba, um pé de goiaba branca”; quando se fala em pé de goiaba já dá para saber que goiaba é fruta. Da mesma forma, ao falar pé de gabiroba é possível entender que gabiroba é fruta. E “quase” é advérbio; não é verbo. Ou você fala “eu quaso, ele quase, nós quasemos”? Os advérbios têm ligações com verbos, mas não são verbos. Advérbio é palavra invariável que expressa uma circunstância do verbo ou a intensidade da qualidade dos adjetivos ou reforça outro advérbio e, em alguns casos, modifica substan...
- Vai tomar no cu!
Na sala, dois alunos ouvem o professor; três mexem no celular; os demais conversam entre si e, entre estes, o autor do palavreado acima no meio da explicação.
Um suspiro quase lacrimoso e:
- Os advérbios não são verbos. Eles expressam uma circunstância do verbo; ou a intensidade da qualidade dos adjetivos; ou reforçam outro advérbio; ou, em alguns casos, modificam os substantivos. Os advérbios podem ser de lugar, de tempo, de modo, de negação, de dúvida, de intensidade e de afirmação. “Quase” exprime uma intensidade. Vejam: “O quintal de nossa casa era grande, mas não tinha galinheiro, como quase toda casa de Belo Horizonte naquele tempo”. No referido trecho da memória literária que Fernando Sabino escreveu dá para perceber que “quase” tem o mesmo sentido de “praticamente”; ou seja, de um grau próximo ao máximo: “quase toda casa” pode ser dito “praticamente todas as casas”. O trecho que lemos fornece a ideia de que muitas casas tinham galinheiro; quero dizer, intensifica a ideia de quantidade de casas com galinheiro.
- Aaammm!
- Então, quais são os verbos?
- Usvérbu, fessor, é “galinha ao molho pardo”.
A boca não tenta se abrir porque não entra mais ar nos pulmões.


Ofereço como presente aos aniversariantes
Sérgio R.P. Brandao, Feliciana Saldanha, Ana C. Silva, Sá Meury, Maria C. Vitarelli, Wendel Rafael, Lavinia Lemos, Helio G.T. Melo, Emi E. Rodrigues, Pedro Soares, Hudson Dias, Claudia Turatti e Rodinea Martins.

Recomendo a leitura de “Alívio”, De Girvany; “A Língua e as Mudanças Segundo as Épocas”, de Javier Villanueva; e “Manhã Sob Goiabeiras”, deste que vos fala. Os textos se encontram, sequencialmente, nos endereços:

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-
feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. É, por segunda gestão, Secretário da ASSABI – Associação de Amigos da Biblioteca Pública Zumbi dos Palmares (Ipatinga MG). Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Escrito na noite 03 de agosto de 2016. Trabalhado depois disso em algum dia de janeiro e depois entre os dias 23 e 26 de junho de 2017.

domingo, 18 de junho de 2017

POEMA BILINGUE



Luís Gonzales
e Rubem Leite.


Raticida na escola
Alunos x professores, alunos x colegas
Nuvens no céu madrugal
E ainda assim nasce o sol.

Canta gallo y otros pájaros
En la vida no me bajo
Mientras no seamos barro
Somos hombres, seamos o no varo.

Ele estava cansado da família,
Enfastiado da namorada,
Ignorado na escola,
Desanimado pelo trabalho.
Ele estava abatido pela vida.
Sem hora para voltar
Para espairecer saiu de casa
Minutos depois estava de volta.

Mudar
Mudar!
Mudar?
Mudar...

Canta el gallo y otros pájaros.
De la vida no me bajo.
No nacimos autmóviles,
Apenas somos hombres
Seamos o no varones.


Ofereço como presente aos aniversariantes
Ton Xavier, Alexandre R. Lecko, Gianmarco F. Cerdan, Luiza Carreiro, Adriane Lima, Amnon K. Oliveira, Cosette Valjean, Lígia Schmidt, Elizabeth M. Reis, Wagney Machado, Raquel Marquesis, Maria Flor, André Q. Silva, Camila Giacometti, Tiago Neri, Rinaldo A. Gomes, Maria I. Lopes e Carolina Ferreira.


Escrito 19 de agosto de 2014 por mim e por Luís. Trabalhado por mim entre os dias 15 e 18 de junho de 2017.

domingo, 11 de junho de 2017

IDEAL – CHOVE, MAS NÃO REFRESCA


  
Leitura pelo autor:

O céu amanheceu nublado apesar do dia quente; e a incidência do sol sobre as nuvens enfeitaram o céu que prometia chuva, mas que não jurava refrescar. Foi assim o início do ano letivo de 20... E neste dia Elizabeth Farias e Elizabete Matias se conheceram na sala da turma 203 da E.E. Amaro Lanari Junior, no bairro Ideal. Gostaram das semelhanças sonoras nos nomes e chamavam uma a outra de Paroxítona Beth e Oxítona Beti.
A primeira morava na rua Orlando Silva, próxima à Igreja Santo Antônio e a outra, na rua Ari Barroso, próximo ao RIC (Recanto Ideal Clube). Após as aulas Beti ia à casa da amiga as segundas e quintas feiras estudar; e as terças e sexta, Beth ia à casa da amiga para estudarem. Quarta elas deixavam para ir ao shopping. Nas noites de sábado iam à igreja de Santo Antônio e de lá para alguma festa ou barzinho com amigos. Nas manhãs de domingos também iam à igreja e depois ao RIC.
Assim foi todo o segundo ano e no terceiro também. E quando concluíram o ensino médio, Paroxítona Beth cursou licenciatura e a Oxítona Beti, arquitetura.
Em um domingo no Feirarte, a dupla conheceu a Banda O Trio. Beth ficou com o guitarrista e Beti, com o vocalista. Beth não se saciava e ficou também com o baterista. E Beti nunca chegava lá, para desespero do noivo, que até sabia fazer e praticava tudo direitinho. Os dois da Beth não gostavam de partilhá-la e o da Beti, de gozar sozinho.
A sós (sem namorados e sem a outra saber) iam à igreja pedir ajuda a Santo Antônio, que olhava por elas e intervia.
O tempo continuou sem pausa e as duas grandes amigas concluíram seus cursos. Beth conseguiu trabalho na escola Amaro Lanari Junior e também novos namorados. As manhãs e tardes ela passava trabalhando e as noites, namorando. Solitária, Beti abriu seu escritório com dois amigos na Avenida Pedro Nolasco. A busca pela sobrevivência fizeram os sócios trabalhar dia e noite. Com tanto trabalho o tempo continuou sem pausas e as duas amigas quase não se viam e não percebiam a distância crescente.
Em janeiro, Beth viajou para Vila Velha e por acaso se encontrou com Beti. Ou seria por acaso se Santo Antônio não olhasse pelas duas e intervisse. E, tocando lá, O Trio. Rindo beberam, beberam, beberam e acabaram dormindo na areia da praia. Ao acordarem, tocaram-se e...
Hoje completa dois anos que elas moram na rua Luís Carlos Pena. O céu amanheceu nublado apesar do dia quente; e a incidência do sol sobre as nuvens enfeitaram o céu que prometia chuva, mas que não jurava refrescar a Paroxítona Beth saciando-se e a Oxítona Beti chegando lá.
As duas continuam indo aos fins de semana a igreja conversar com Santo Antônio, padrinho de ambas; ao RIC e festejando com os amigos. No resto da semana trabalham com a qualidade própria aos homoafetivos.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Auíri Tiago, Fabí Dolabela, Claudiane Dias, Mª Bernadeth W. Duarte, Pedro Claudino, Ariene Medina, Raphael Vidigal, Mª Lurdes F. Lopes, Anderson Oliveira, Marciliane E. Silva, Kaique Santos, Bruno Coelho e Marcela Gomes.

 Recomendo a leitura de “Passarinho”, de Xúnior Matraga; “Las Proezas del Vasco de las Carretillas”, de Javier Villanueva; e “Ilusão Perdida”, de Girvany. Respectivamente nos endereços abaixo:


Manuscrito no início da tarde de 28 de maio de 2017. E trabalhado entre os dias 03 e 11 de junho do mesmo ano.

domingo, 4 de junho de 2017

NOVO CRUZEIRO – RITA



Leitura pelo autor:

Rita, de passagem, entrou em minha vida. Na minha vida? Na verdade, nem um capítulo. Uma página, talvez, ou um parágrafo apenas. Na verdade, em uma linha ela foi o meu rito de passagem.
Mas não na casa dos três viúvos. Não, lá não.
Clóvis, Glória e Justina. Dois irmãos e a prima juntos na casa de uma. O pai de Clóvis e Glória era irmão do pai de Justina. E a mãe desta era irmã da mãe daqueles. E as duas mães gostavam de Dom Casmurro. Bem, o que importa é que os três se apoiavam uns nos outros para suportar a solidão; e que a lua, exatamente sobre a Av. São Marcos no Novo Cruzeiro, está bonita.
Clóvis se encontrou duas vezes com Rita. E a paixão passou sem ninguém conhecê-la. Se é que houve alguma... Paixão ele teve foi por uma favelada. Mulher com que não se unia por pensar não ser-lhe digna...
Glória se encontrou duas vezes com Rita. E sem ninguém conhecê-la porque tais prazeres não lhe eram suficientes atrativos como os obtidos com um sujeito ou outro após as boates que iam espaçadamente...
Justina se encontrou duas vezes com Rita – Depois dos encontros com uma colega professora também aposentada com quem descobrira coisas e gozos afins –. E depois Justina e Rita se encontraram outras e outras vezes...
Tá, tá... E o que tem isso?
Nada. Além das pessoas se preocuparem com a vida alheia; desejarem coisas, despejarem pessoas e terem medo de morrerem sozinhas.
E a política, a conversa, a economia... Tudo acontecendo baixo da lua e entre goles de cerveja no Marisc Bar e Lancheria.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Olinda Guedes, Freddy Panaifo, Ana B. Cecília, Adriana Garcia, Isadora Zeferino, Marcelo S. Marinho, Leandro Silva, Danielle Guerra, Lua Salles, Amanda Vita, Carmen Ligia, Adriana A. Santos, Moisés Salatiel, Thieres Tayroni, Ubirathan do Brasil, Jeferson Lana e Luciano A. Maciel.


Escrito em 02 de março de 2015. Trabalhado no início da tarde de 28 de maio de 2017 e retrabalhado entre os dias 03 e 04 de junho do mesmo ano.