domingo, 30 de dezembro de 2018

TUDO FALA. NADA FAZ.


Gostaria de desejar um feliz e próspero ano novo a cada leitor. Mas tenho minhas dúvidas se isso será possível devido às escolhas eleitorais brasileiras. Contudo, a esperança é a última que morre; assim:

Feliz e próspero 2019!
Força e coragem pra chegarmos a 2023.



Apaga as letras
o carvão do lápis,
não o nome.¹

Em português:
All that breathes is gone. Or not.

Pega o celular e olhando o telhado sob o céu nublado.
- Filho, amanhã terei que ir ao banco resolver algumas coisas. Fique com sua avó pra mim.
- Não posso.
- Mas amanhã é sua folga...
- Cuidarei do bebê.
- Traga a criança, uai.
- Não posso tomar conta de dois.
- Filho...
- Chama o seu irmão que vive com o dinheiro que deveria ser seu para cuidar dela.
- Não fale assim com a mãe. E você tem que ajudar sim. É o único que não colabora.
- Não sou obrigado a nada. E que cada um cuide de sua vida.

O fraco sol do fim da madrugada mal atravessara as nuvens escuras quando:
- Ranrã.
Olha para trás a ver quem o chamara. Continua sem sorrir ao reconhecer o sobrinho agressivo, mas lhe oferece a mão para um aperto enquanto ouve:
- Sacando uma graninha?
- Não. – Volta para o caixa eletrônico enquanto fala: só olhando o saldo.
Talvez pelo desinteresse do tio ou talvez pelo semblante sério e tranquilo, o sobrinho se desmotiva, por hora, a encrencar. E se vai.
Não se despedem.
Fora do banco, senta em um banco da praça a ler o livro “Quem Manda no Mundo?”, de Noam Chomsky; traduzido por Renato Marques e publicado pela editora Planeta. Depois da leitura do prefácio vai a casa preparar o almoço antes de ir ao Feirarte.

Marcelo traz pro protagonista coquetel com maracujá e limão. Aos demais, coquetel sem limão para um, coquetel com tequila para outro e cerveja para o terceiro.

- Águas Vivas Mortas é um experimento. Não uma obra para ser prima. Apenas uma visita às periferias do que me agrada. – Bebe um pouco do coquetel sem limão. – Veja: “um mar de montanhas morde sem alarde > a ferida arde as montanhas.”²
- Comprendo tus lucubraciones, Siman. También tengo las mías. Yo… Quiero caminar; volando me caí muchas veces. – Dá uma risadinha, bebe um trago do coquetel com tequila e continua: Conflictos mentales… No sabemos vivir. Por eso, digo a mi corazón: lo que no tiene remedio, sino lo cura el vino lo hará el entierro.
- Eu gosto de crianças. – O quarto amigo muda de assunto. – Crianças atraem mulheres; mulheres atraem homens...
Sem saber se ri ou condena, o quarto amigo se cala para ouvir quem canta hoje no Feirarte.
Esse que “gosta” de crianças... viajou muito em uma época em que ele contava alguma coisa. E nunca esquecera a pergunta do entrevistador sobre a forma que ele cantava em inglês e respondera: “My perfect English is British. My accent is to be elegant and erotic.”. O entrevistador, por sua vez, falou que não entende inglês. “Peça a alguém para traduzir minha resposta.” Respondeu encerrando a entrevista.
Mas agora, quem se lembra dele? Quem ouve sua bela voz? Contudo eu digo pensando na sociedade apontada por Chomsky:
Balamoeda
Morterriqueza
Menina
Bem-te-vi
Olhos
Tapados...
- Não compreendi esse bando de palavras desconexas. – Comenta o sobrinho que acaba de chegar do nada e pega a conversa no meio. – Quero falar com você.
- Ah... As palavras para você desconexas são uma aldravia. Mas a conversa será em outro momento porque agora estou entre amigos.
E assim a tarde vai como tudo que respira; ou não.

A segunda feira começou e avançou chuvosa mesmo depois do celular tocar.
- ... fico perplexa com a hipocrisia dele. Esteve aqui ontem de noite para falar pra mãe que te flagrou tirando dinheiro do caixa eletrônico. Dinheiro que deveria ser só dela, já que está cuidando da mãe de vocês dois e te ajudando a cuidar do irmão. E mais, já declarou que não vai ajudar a mãe, pois tem a própria vida pra cuidar e que cada um cuide de sua casa. Mas critica quem pouco ou muito faz o que ele não faz.
- Que desagradável.
- Não tem tempo para ajudar, mas para fazer fofoca o tempo sobra.
E assim o dia vai como tudo que respira.


En español:

TODO HABLA. NADA HACE.

Everything that breathes is gone. Or not.

Agarra el celular mirando el tejado bajo al cielo nublado:
- Hijo, mañana tendré que ir al banco resolver unas cosas. Necesito que te quede con su abuela.
- No podré.
- Pero, mañana tú no trabajas…
- Cuidaré del nene.
- Venga con el niño, oye.
- No puedo cuidar de dos.
- Hijo…
- Llama a tu hermano que vive con dinero que debería ser tuyo para cuidar de ella.
- No hables así con mamá. Y tienes que ayudar sí. Es el único que no colabora.
- No soy obligado a nada. No más, que cada cual cuide del tuyo.

El débil sol del fin de la madrugada mal atraviesa las nubes oscuras cuando:
- Janján.
Mira atrás a ver quién lo llamara. Continúa sin sonreír al reconocer el sobrino agresivo, pero le ofrece la mano para un apretó mientras escucha:
- ¿Sacando una platita?
- No. – Vuelve al cajero automático mientras habla: solo viendo el saldo.
Tal vez por el desinterese del tío o tal vez por el semblante serio y tranquilo, el sobrino se desmotiva, por ahora, a pelear. Y se va.
No se despiden.
Fuera del banco, sienta en un banco de la plaza a leer el libro “Who rules the world?”, de Noam Chomsky. Después de la lectura del prefacio va a casa preparar el almuerzo antes de ir al Feirarte.

Marcelo trae al protagonista coctel con maracuyá y citrón. A los demás, coctel sin limón para uno, coctel con tequila para otro y cerveza para el tercer.
- Medusas Muertas es un experimento. No una obra para ser prima. Solamente una visita a las periferias de que me gusta. – Bebe un poco del coctel sin limón. – Ve: “un mar de montañas muerde sin alarde; la herida arde las montañas.”²
- Compreendo suas lucubrações, Siman. Também tenho algumas. Eu... Quero caminhar; voando caí muitas vezes. – Reír, bebe un traguito del coctel con tequila y continúa: Conflitos mentais... A gente não sabe viver. Por isso digo ao meu coração: O que não tem remédio, se o vinho não cura, o enterro assim fará.
- Me gustan los niños. – Habla el cuarto amigo cambiando el asunto. – Niños atraen mujeres; mujeres atraen hombres…
Sin saber se reí o lo condena, el protagonista se calla para oír quien canta hoy en el Feirarte.
Ese que “gustan” niños… Viajó mucho en una época en que él cantaba alguna cosa. Y nunca se olvidara de la pregunta de un entrevistador sobre la forma que él cantaba en inglés y responderá: “My perfect English is British. My accent is to be elegant and erotic.” El periodista, a su vez, habló que no comprende inglés. “Pida a alguien para traducirte mi respuesta.” Contestó encerrando la entrevista.
Pero ahora, ¿quién se recuerda de él? ¿Quién oye su bella voz? Pero, digo pensando en la sociedad apuntada por Chomsky:
Balamoneda
Muerterriqueza
Niña
Bienteveo
Ojos
Tapados…
- No comprendí esa gavilla de palabras desarticuladas. – Comenta el sobrino que de pronto llega del nada. – Te quiero hablarte.
- Ah… Las palabras para ti desarticuladas son una aldravía. Pero la conversa será en otro momento porque ahora estoy entre amigos.
Y así la tarde se va como todo que respira; o no.

El lunes empezó y avanzó lluvioso hasta el celular sonar.
- … me quedo perpleja con la hipocresía de él. Estuvo aquí anoche para hablar para nuestra madre que te flagró sacando dinero del cajero electrónico. Dinero que debería ser solamente de ella, ya que está cuidando de la madre de ustedes dos y te ayudando a cuidar del hermano. Y más, ya declaró que no va a ayudar mamá, pues tiene la propia vida para cuidar y que cada uno cuide de su casa. Pero critica quien poco o mucho hace lo que él no hace.
- Muy desagradable.
- No hay tiempo para ayudar, pero para chismorrear el tiempo sobra.
Y así el día se va como todo que respira.


Recomendo a leitura de:
“Uma Palavrinha Sobre Utopia”, de Sued:

¹ MELO NETO, João Cabral de. O Funcionário. Poesia Completa e Prosa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. P. 51.
² SIMAN, Vinícius. Mil Coisas. Águas Vivas Mortas. São Paulo: Clube dos Autores, 2018. P. 19. Traducción libre de Rubem Leite.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Telhado sob chuva (fotos 01 e 02) – foto do autor.
Será Ele?  foto do autor.
Vinícios e Girvany – foto de VinSim.
El Ratón Tarado – foto de JuliCab.
Rubem dando bandeira – foto de VinSim.

Manuscrito domingo, dia quinze de abril de 2018. Digitado em 25 de maio; trabalhado entre os dias 26 e 30 de dezembro do mesmo ano.

domingo, 23 de dezembro de 2018

ENTRE FOLHAS VERDES E FOLHAS SECAS



Em português:
  

Eu sou Jaci e milênios se passaram desde meu nascimento posicionado em Touro. Sou irmã dos signos masculinos Áries e Libra. Com o meu nascer surgiram a prata e o cobre. E este foi o primeiro metal minerado e trabalhado pela humanidade; por isso, na cultura greco-romana meu espelho é feito de cobre. Eu, por ser o puro feminino, posso ser Maya, Maria, Athenas ou Minerva e Vênus ou Afrodite. Também posso ser Iemanjá, pois muitas deusas ou mães de deuses são eu; mas eu sou Jaci.
No que chamam de América do Sul, o tronco Tupi é originalmente monoteísta cujo Deus é Tupã e que se manifesta através de Guaraci e de mim, Jaci. De nós dois nasceu Rudá, o Amor. E de nós três – o sol Guaraci, a lua Jaci e o amor Rudá – Tupã criou a Terra e a humanidade.
Os homens reverenciavam Guaraci através de um amuleto labial chamado “Tembetá” enquanto as mulheres veneravam as águas – a mãe Muyrakitã – e a mim usando amuletos em forma de felinos ou batráquios pendurados no pescoço ou orelhas.
A mim, porém, as mulheres não apenas me veneravam; as mulheres eram eu e eu sou elas. Guaraci não é os homens, mas eu sou as mulheres. Eu sou a Senhora, pois sou Ja e sou a Mãe, pois sou Ci. Sou a Senhora Mãe, sou Jaci; a Senhora Mãe Natureza, a fonte de tudo. Sou a Lua e seus predicados; sou a água e suas propriedades; sou a natureza, as mulheres, as fêmeas. Sou as Artes e a Literatura.
Eu, a Senhora Mãe Natureza, ofereci ao mundo a prata e o cobre. Da prata falarei em outro momento, mas através de cobre ofereço estas dádivas: alívio nas angústias e distúrbios mentais psicossomáticos. Nesta sociedade civilizada tecnologicamente, mas moralmente incivilizada, protejo as pessoas das radiações e ondas eletromagnéticas negativas dos celulares, computadores e antenas. Eu, que sou as mulheres, combato os distúrbios menstruais; e em todas as mulheres e em nossos filhos – os homens – alivio as dores e o sangue circula melhor; ajudo a rejeitar os maus sentimentos e a aceitar os sentimentos verdadeiros; equilibro as qualidades pessoais e a autoafirmação; dou coragem e fomento a capacidade de decisão.
Ah, mas é nas artes e na literatura que mais me comprazo aumentando em quem porta meu minério a capacidade de expressar-se. Como verão neste cronto, cujo protagonista é libriano. E Libra é o único signo que é objeto: a balança; é o encontro com o outro, pois pesa e equilibra o eu, o tu e o ele, transformando-os em nós.
Vejam a história:
Bonita manhã de pouco sol. Depois de tomado o café com leite e comido o pão, pela varandinha tentou olhar o dia, mas a claridade não permitia. Ao voltar para dentro da casa alguém o chamou no portão.
- Oi, Carlos! Bom dia!
Curioso e a estranhar a visita de adeptos da mesma religião que pratica, responde: “Bom dia!”.
- Viemos te convidar para um evento que vai ter hoje à tarde em Governador Valadares. Fazemos questão de sua presença.
- Não posso, por causa de meu irmão. – Responde ainda estranhando a visita e o convite.
- Leva ele...
- Não posso; para ele o tempo da viagem é longo. Sabem que ele tem necessidade especial.
- Vamos, amigo! Será bom. É como diz o autor: “Quem decide não deve recuar! Vá e Vença!”.
Continua estranhando, mas compreendendo que número é importante... E, por outro lado, o conteúdo da religião lhe agrada e com um pouco de insistência dos visitantes, aceitou. Deixará o irmão aos cuidados de uns hóspedes em sua casa.
- Às treze horas Pendejo virá te buscar.
Concluiu a manhã, banhou-se e sugeri como enfeite um bracelete de cobre. Noventa minutos depois da saída chegamos a Valadares. No jardim lateral da Fadivale as palmeiras mesclavam bem os ramos verdes-vivos e marrons-mortos, uma planta com folhas semelhantes a de bananeiras com flores roxas ou lilases com três pétalas alegravam o ambiente junto com outra menor carregada de pequenas flores vermelhas.
Quinze horas começou o Seminário no salão de eventos da faculdade. Pessoas na porta agradecendo e cumprimentando a quem chegava. Curiosamente a tarde em Valadares não estava ensolarada. Quente como sempre, talvez um pouco mais, mas não brilhante.
Embasando em um livro, o palestrante principal, vindo de São Paulo, falou que a missão de cada um é vencer. Uma palestrante, da cidade de Timóteo, disse o mesmo se embasando em outro livro.
Contudo, se no dia havia folhas verdes e flores vermelhas, roxas ou lilases. Houve também folhas secas, calor horrível e pouca luz. E não sei como nem o motivo. Mas Boçalnato falou. Porém, como ele nada diz que valha, falar é modo de dizer... Rejeitando aquele ambiente recém-intoxicado, eu e Carlos saímos.
Saí e tristemente estavam diminuídos o verde e as outras cores; estava aumentado o calor e a escuridão se intensificara.
Ao fim do seminário fomos jantar. À mesa do restaurante, Pendero voltou aos nitridos “de você sabe quem”.
- Temos mesmo que defender as famílias e lutar contra os homossexuais. As bichas são nossas inimigas, portanto, a homofobia não pode ser crime. É...
- Então você é meu inimigo. – Diz Carlos. – Pois sou homossexual.
Ele ficou sem resposta e saímos dali antes mesmo dele pensar em algo. Se é que pensa.
Não sabíamos como meu filho retornaria a Ipatinga; se seu pouco dinheiro seria suficiente. Mas se necessário voltaríamos a pé, porém nunca mais ele andaria com aquilo. E se Pendejo o procurou não sei; não voltamos ao evento. Mas as momentâneas posses de meu filho foram o suficiente para ir até Santana do Paraíso e caminhamos os mais de nove quilômetros e meio até Ipatinga.
Abriu o portão de casa iluminado por mim, em forma de lua cheia, e saldado pelos cachorrinhos. Após o banho, algo para comer e depois dormir.
Despertou, fez o café, alimentou, montamos o presépio e ajudamos o autor a escrever a quadra:
De novo Natal
Renovo meu coração
Ação do pensamento
Passamento do vital ao fatal.
Quase dez da manhã leva o mano para um passeio pelo Centro. Descem pela escada e após trancar o portão oferece-lhe o braço e de braços dados descem pela rua Uberaba, ao chegarem na rua Sabará atravessam-na, entram na rua Uberlândia e observando a Igreja Mórmon dobram à direita na Diamantina, passam pela praça José Júlio da Costa, cruzam a praça Primeiro de Maio, mas param alguns segundos em admiração às folhas que chovem das árvores, chegam à avenida 28 de Abril e virando a esquerda a seguem até a rua Ouro Preto.
Nesta rua há um ponto de moto táxi, o Usitáxi. E lá um sujeito caçoa: “Tão namorano, tão namorano, tão namorano...”. Enquanto seu irmão nada percebe, Carlos finge ignorar, pois meu presente, o bracelete de cobre, transformou a angústia em coragem.
Os dois voltam ao lar. Mas não eu. Incorporei Boyúna, a Cobra Grande, meu lado negro ou aquela que é a criação, destruição, decomposição e transformação – o ciclo da vida. Mas mesmo em humana forma feminina intimido com a força das mães:
- Somos amigos? – O sujeito permanece calado.
- Responde! – Dou um passo à frente. – Somos amigos? – Dou outro passo à frente. – Conhecemo-nos ao menos?
- Não.
- Já comeram o seu cu?
- Não! Que iss...
- Então o que te interessa o relacionamento daqueles dois? Se são pai e filho, ou irmãos, ou namorados ou o que seja?
O sujeito só olha sem outra reação.
- Por isso ele estudou; para não ser porteiro do cu alheio.
Dá um passo em minha direção, aproximo-me dele também. Meu eu Boyúna o retrocede enquanto meu eu Jaci se esforça em tranquilizar-nos. E...


En español:

ENTRE HOJAS VERDES Y HOJAS SECAS
  

Soy Yacy y milenios se han pasados desde mi nacimiento posicionado en Tauro. Soy hermana de los signos varones Aries y Libra. Con mi nacer surgieron la plata y el cobre. Y este fue el primero metal quitado de la tierra y trabajado por la humanidad; por eso, en la cultura greco-romana mi espejo es hecho de cobre. Yo, por ser el puro femenino, puedo ser Maya, María, Atenas o Minerva y Venus o Afrodita. También puedo ser Yemanjá, pues muchas diosas o madres de dioses son yo; pero soy Yacy.
En que llaman de Suramérica, el tronco Tupí es originariamente monoteísta cuyo Dios es Tupá y que se manifiesta a través de Guaracy y de mí, Yacy. De nosotros dos nació Judá, el Amor. Y de nosotros – el sol Guaracy, la luna Yacy y el amor Judá – Tupá creó la Tierra y la humanidad.
Los hombres reverenciaban a Guaracy a través de un amuleto labial llamado “Tembetá” mientras las mujeres veneraban las aguas – la madre Muyrakitán – e a mí usando amuletos en forma de felinos o batracios colgados en el cuello u orejas.
Sin embargo, a mí las mujeres no solo me veneraban; las mujeres eran yo y yo soy ellas. Guaracy no es los hombres, pero soy las mujeres. Soy la Señora, pues soy Ya y soy la Madre, pues soy Ci. Soy la Señora Madre, soy Yacy.; la Señora Madre Naturaleza, la fuente de todo. Soy la Luna y sus predicados; soy el agua y sus propiedades; soy la naturaleza, las mujeres, las hembras. Soy las Artes y la Literatura.
Yo, la Señora Madre Naturaleza, ofrecí al mundo la plata y el cobre. De la plata hablaré en otro momento, pero a través del cobre ofrezco estas dádivas: alivio en las angustias y disturbios mentales psicosomáticos. En esta sociedad civilizada tecnológicamente, pero moralmente incivilizada, protejo a las personas de las radiaciones y olas electromagnéticas negativas de los celulares, computadoras y antenas. Yo, que soy las mujeres, combato los disturbios menstruales; y en todas las mujeres y en nuestros hijos – los hombres – alivio los dolores y la sangre circula mejor; ayudo a rechazar los malos sentimientos y a aceptar los sentimientos verdaderos; equilibro las cualidades personales y la autoafirmación; doy coraje y fomento la capacidad de decisión.
¡Ah! Pero es en las artes y en la literatura que más me complazco aumentando en quien trae mi mineral la capacidad de expresarse. Como verán en este croento, cuyo protagonista es libriano. Y Libra es el único signo que es objeto: la balanza; es el encuentro con el otro, pues pesa y equilibra el yo, el tú y el él, cambiándolos en nosotros.
Vean esta historia:
Bonita mañana de poco sol. Después de tomado el café con leche y comido el pan, por el balconcito intentó mirar el día, pero la claridad no lo permitía. Al volverse adentro de casa alguien lo llamó en el portón.
- ¡Hola, Carlos! ¡Buen día!
Curioso y extrañando la visita de adeptos de la misma religión que practica, responde: “¡Buen día!”.
- Venimos invitarte a un evento que tendrá hoy por la tarde en Governador Valadares. Hacemos hincapié de tu presencia.
- No puedo. Tengo que cuidar de mi hermano. – Responde pensando en el raro que es la visita y la invitación.
- Llévalo…
- No puedo; para él el tiempo de viaje es largo. Saben que él tiene necesidad especial…
- ¡Vamos, amigo! Serás bueno. Y como dice el autor: “¡Quien decide no debe recular! ¡Ve y Vence!”.
Todavía le parece raro, pero comprendiendo que número es importante… Y, por otro lado, el contenido de la religión le agrada y con un poco de insistencia de los visitantes, aceptó. Dejará el hermano a los cuidados de unos huéspedes en su casa.
- Una de la tarde Pentelho vendrá buscarte.
Concluyó la mañana, se duchó y le sugerí como ornato un brazalete de cobre. Pasado noventa minutos del viaje llegamos a Valadares. En el jardín lateral de la Fadivale las palmeras mezclaban bien las ramas verdes-vivas y marrones-muertas, una planta con hojas semejantes a de bananeras con flores violetas con tres pétalas alegraban el ambiente junto con otra menor cargada de pequeñas flores rojas.
A las tres de la tarde empezó el Seminario en el salón de evento de la universidad. Personas agradeciendo y cumplimentando a quien llegaba. Curiosamente la tarde en Valadares no estaba soleada. Caliente como siempre, tal vez un poco más, pero no brillante.
Siguiendo un libro, el orador principal, venido de San Pablo, habló que la misión de cada uno es vencer. Una oradora, de la ciudad de Timoteo, dijo lo mismo, pero siguiendo otro libro.
Sin embargo, si no había hojas verdes y flores rojas o violetas. Hubo también hojas secas, calor horrible y poca luz. Y no sé cómo ni el motivo. Pero Bozalnato habló. Y como él nada dice que tenga valía, hablar es modo de decir… Rechazando aquél ambiente recién-intoxicado, Carlos y yo salimos.
Salí y tristemente estaban disminuidos el verde y los otros colores; estaban aumentado el calor y la oscuridad se intensificara.
Al fin del seminario fuimos cenar. A la mesa del restaurante, Pentelho volvió a las basuras de Bozalnato.
- Tenemos que defender las familias y luchar contra los homosexuales. Los maricones son nuestros enemigos, por lo tanto, la homofobia no puede ser crimen.  Es…
- Entonces eres mi enemigo. – Habla Carlos. – Pues soy homosexual.
Él quedó sin respuesta y salimos de allá antes mismo de él pensar en algo. Si es que piensa.
No sabíamos cómo mi hijo volvería a Ipatinga; si su poco dinero sería suficiente. Pero se necesario volveríamos caminando y nunca más él andaría con aquello. Y si Pentelho lo procuró no sé; no volvemos al evento. Pero las momentáneas platas de mi hijo fueron suficiente para ir hasta Santana do Paraíso y caminamos los más de nueve kilómetros y medio hasta Ipatinga.
Abrió el portón de casa iluminado por mí, como luna llena, y saldado por los perritos. Después de ducharse, comió algo y fue dormir.
Despertó, hizo el café, se alimentó, instalamos el pesebre y ayudamos el autor a escribir la cuadra:
De nuevo la navidad
Renuevo mi corazón
Acción del pensamiento
Pasamiento de la fatalidad a la vitalidad.
Casi diez de la mañana lleva mi otro hijo para un paseo al Centro. Bajan por la escalera y tras trancar el portón le ofrece el brazo y de brazos dados bajan por la calle Uberaba, al llegaren en la calle Sabará la atraviesan, entran en la calle Uberlândia y observando la Iglesia Mormón doblan a la derecha en la Diamantina, pasan por la plaza José Júlio da Costa, cruzan la plaza Primeiro de Maio, pero se quedan unos segundos admirando la hojas que llueven de los árboles, llegan a la avenida 28 de Abril y volteando a la izquierda siguen hasta la calle Ouro Preto.
En esta calle hay un punto de “moto taxi”, el Usitaxi. Y allá un tipo burla: “Están de novios, están de novios, están de novios…”. Mientras su hermano nada percibe Carlos finge ignorar, pues mi regalo, el brazalete de cobre, le cambió la angustia por coraje.
Los dos vuelven al hogar. Pero no yo. Incorporé Boyuna, la Gran Culebra, mi lado negro o aquella que es la creación, destrucción, descomposición y transformación – el ciclo da la vida. Pero mismo en humana forma femenina intimido con la fuerza de las madres:
- ¿Somos amigos? – El tipo permanece callado.
- ¡Conteste! – Doy un paso a la frente. - ¿Somos amigo? – Doy otro paso a frente. – ¿Nos conocemos al menos?
- No.
- ¿Ya te follaron el culo?
- ¡No! ¡Qué es…
 - ¿Entonces qué te interesa el relacionamiento de aquellos dos? ¿Si son padre e hijo, o hermanos, o novios o sea lo que sea?
- El tipo solo mira sin otra reacción.
- Por eso él estudió; para no ser portero del culo ajeno.
Da un paso en mi dirección, me aproximo de él también. Mi yo Boyuna lo retrocede mientras mi yo Yacy se esfuerza en tranquilizarnos. Y…


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Ziza Saygli, Deiverson Tófano, Wistaliano Rufino e Liala Coelho.

Recomendo a leitura de:
“Só Um Trago”, de Willian Delarte:
“Simples Poema de Natal”, de António MR Martins:
“Gigolô Trans Com Doutorado (+18)”, de Sued:

EQUILÍBRIO CORPO E VIDA. Joias em cobre e os benefícios que pode trazer no dia a dia. Disponível em https://www.equilibriocorpoevida.com/news/os-beneficios-que-o-metal-cobre-pode-trazer-ao-nosso-dia-a-dia-/ . Acesso 22 Dez 2018.
EQUIPE PERSONARE. O Jeito de amar de quem tem Vênus em touro. Disponível https://horoscopo.gshow.globo.com/o-jeito-de-amar-de-venus-em-touro-m2603 . Acesso 22 Dez 2018.
HELENA CRISTAIS. Cobre e seus significados e propriedades. Disponível https://blog.helenacristais.com.br/cobre-e-seus-significados-e-propriedades/ . Acesso 22 Dez 2018.
LIMA, Allan. Os Signos e os Metais. Disponível https://conhecimentoantigo.wordpress.com/2015/03/04/os-signos-e-os-metais-2/ . Acesso 23 Dez 2018.
LISBOA, Claudia. O Signo de Libra no Amor. Disponível https://www.youtube.com/watch?v=DSrVm3SAl-o . Acesso 23 Dez 2018.
ROSE BIJOUX. Signos do Zodíaco (horóscopo): amuletos, cores, metais e pedras. Disponível http://www.rosebijoux.com/artigos/signos.php . Acesso 23 Dez 2018.

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Sol nascendo entre nuvens – foto do autor.
Presépio literário – foto do autor.
Rubem na figueira – foto de Faire.
Paola S. Charquero me ajudou na transcrição dos nomes em espanhol. Muito obrigado!

Partiu de um sonho na madrugada de 29 de agosto de 2018. Digitado poucas horas depois. Trabalhado entre os dias 18 e 23 de dezembro do mesmo ano.

domingo, 16 de dezembro de 2018

TEM DEPRESSÃO, MAS HÁ GOIABAS



Quando fazem falta
Quanto ainda falta
Para o fim chegar
E acabar as chagas

Quanto tempo ainda tenho
Antes de acabar o jogo
Apesar de todo empenho
Ainda me aproximo do fogo.
Trinta e um dias
Natal às vésperas do terror
Seja por qual via
Quem pode foge do horror
- Brasil, ame ou deixe-o! É isso que você quis dizer? Se for, não concordo. Brasil, ame e fique! E lute, e resista.
- Grande historiador, quem diz “ame-o ou deixe-o” é a ditadura. Situação política que venho lutando contra, como provam meus escritos. Contudo, tenho medo do que vai me acontecer de janeiro em diante. O jovem poeta, um de meus amigos, foi ameaçado de morte e pediu asilo político. Vai para Uruguai.
- Compreendo. Se pudesse e tivesse condições, também iria embora. Mas como não será possível, serei resistência.

Fica sempre a sensação
‘Poderia ter feito’
Imperfeição ou depressão
Fraqueza ou defeito
- Pitando erva, é? Ocê anda “folhosofando” demais. Rirri.
Buscando animar-me, fala a grande poeta. Já a grande atriz diz:
- Ser humano, sente tudo.

Levanta, sai da cama
Desânimo é preguiça, su’anta
É desculpa de quem não ama
Depressão só n’alma não santa...
- Benito, fumou alguma erva? Rirri. Veja o poema que faço para animar-te: Benitão, bonitão. / Vou te sentar a mão. / Fica pitando foiage / E dana a escrevê bobage.
- Um sorriso me promove sua quadra, grande poeta. Mas não tenho tristeza; que se vence com diversão. A depressão é vazio e não algo sentido.
- Verdade! – Fala-me Glaussim. – O sucesso do opresso é ver-se livre do opressor ou aceitar a proposta de ignorar?
- Boa pergunta, amigo. Boa pergunta. Na minha cabeça a quadra é alguém sofrendo a escutar quem desconhece a depressão.
- I saw it. – Diz a grande poeta. – Eu vi, Benito.
É Jesus na goiabeira
É Jair na laranjeira
É o povo sem eira nem beira
A rolar pela ribanceira.
- Né? Posso recitar pra meus amigos?
- Grande biólogo, mi cuadra, tu cuadra.
- Comunista! Rarrarrá.
- Eu respeito a Macumba. – Protesta o pobre de direita. – Seria bom respeitarem o meu Jesus.
- Os únicos que não O respeitam são os padres, pastores e seus seguidores. Ah, e o senhor não respeita “macumba”, pois nem sabe o que é isso assim como não diferencia umbanda, candomblé e espiritismo.
O pobre de direita não responde e talvez nada ouça.

Gosto de goiaba
Gosto de Jesus
Mas o Boçal é piada
E sua equipe, uma cruz.
- Gente, que isso? Fala isso não que é blasfêmia. – Ironiza o jovem poeta. – Pois a pastora e futura ministra disse que Jesus é tão poderoso, mas tão poderoso, que Ele conseguiu subir no pé de goiaba sem cair... Ora, mas isso até eu.
- Jesus é mais que religião, meus amigos. – Intervém outra vez o pobre de direita. – A História da humanidade é dividida em antes e depois de Cristo. E Jesus é minha divindade.
- História? História de quem? Mas acho que sequer compreenderá a pergunta...
O pobre de direita não responde e talvez nada ouça.

Ó santa luz,
São mais doces
As ‘bolas’ da goiabeira
Ou a ‘goiaba’ de Jesus?
- Provocações inspiram...
- Pra gente ver Jesus, o pastor da minha igreja nos ensinou a fazer um “beck-baseado” de folha de goiabeira enrolado nas folhas da Bíblia. É cada viaaaagem...
- Respeito, gente. Respeito! – E outra vez intervém o pobre de direita.
- O senhor nem sabe do que estamos falando. Só ouviu “Jesus” e não atinou a quem é a crítica.
Sem responder e talvez nem ouvir, continua o pobre de direita:
- Se não falo mal, respeito. Se não critico, respeito. Se não uso para zoar, respeito.
- É! O senhor se fixa numa palavra e não compreende o texto nem o contexto.

Ontem, dia de Santa Luzia
Hoje nossa vista está vazia.
Nada vemos, nada sabemos
Watzap é o que temos.


Ofereço como presente aos aniversariantes Guilherme Batista e Victor F. Matos.

Recomendo a leitura de
“Triste Sina”, de António MR Martins:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Rubem dando bandeira – foto de Vinícius Siman.
Santa goiabeirinha – foto do autor.
Coroa de espinhos – foto do autor – exposição Santo Sudário no Shopping do Vale.

As quadras sobre depressão foram escritas em minha página de facebook entre os dias 01 e 06; as quadras sobre a “goiabeira de Jesus”, na noite de 12 e na madrugada de 13; a quadra sobre Santa Luzia na madrugada do dia 14; e a prosa, entre 08 e 15. Tudo em dezembro de 2018.

domingo, 9 de dezembro de 2018

O CANTO DA IARA



- Soledad, a mí me gusta. Tal vez por eso no tengo celos de nadie.
- Eres un no deseado, eso sí.
- Vale. Pero, la verdad es que la soledad me encanta.

É uma bela manhã nublada para um solitário passeio a beira rio e sentir a paisagem em derredor. 

Quase harmônicas, duas pessoas conversam:
- Segundo a tradição Católica, oito de dezembro se medita sobre o dia que Senhora Sant’Ana ficou grávida de Maria – a Imaculada Conceição –. Para daqui a nove meses acontecer a Natividade de Virgem Imaculada.
- É. E segundo a Seicho-No-Ie, o segredo da Fonte de Lourdes é a compreensão do peregrino que ele também é a imaculada conceição. Mas eu penso que o importante não é a religião. E como diz um dos seguimentos budistas: “Quer encontrar-se com Buda? Sai do templo”.
- Interessante pensamento. O importante é saber-se, sentir-se e agir como a Imaculada Conceição. Pois Deus nos criou a Imagem e Semelhança d’Ele.
Histriônicas, outras duas pessoas conversam:
- A sociedade brasileira é muito racista e não aceita pretos trabalhando com a gente. Mas todos somos iguais. Por isso que sou contra cota; porque¹ somos iguais. O racismo é feio. A polícia é racista e prende mais quem é preto. Mas somos todos iguais e sendo iguais, cota não é certo.
- O medo está constantemente dentro de nós.*
- Medo? Não tenho medo. O senhor tá me chamando de covarde? E... E o que medo tem a ver² com racismo.
- Tudo que fazemos é governado pelo medo ou pelo desejo de livrarmos dele.*
- O que o senhor que dizer com isso?
- O seu próprio discurso explica a importância das cotas e não percebe isso tanto quanto ignora a contradição em suas ideias. O que denota falta de ideias próprias tanto quanto sobram ideias alheias sem, contudo, apossar-se delas.
- O que você que dizer com isso? É petralha? Só pode ser petista. Noventa por cento dos políticos do PT estão presos por corrupção. E ninguém é preso sem culpa. Não tenho medo de nada e só do PT quero me livrar. Por isso votei no Mito. Dizem que vou me arrepender, mas só com mudanças que as coisas melhoram.
- Por que¹ no governo de esquerda a corrupção foi denunciada enquanto na Ditadura e nos governos do Collor, do FHC e do Temer ficaram calados?
- PT é bandido. Você, seu petista louco, defende a corrupção.
- Interessante... Primeiro eu fui ‘senhor’ e, agora, ‘você’. Mas não creia em mi...
- Não creio mesmo.
- Pois é, faz bem. Veja no TSE...
- PT é corrupto.
- Veja no TSE o número de fichas sujas nos partidos de esquerd...
- Não adianta querer me enganar. PT é ladrão. Só se prende bandido.
- No Brasil? O senhor mesmo falou que uma pessoa é presa só por ser negra... Mas como dizia, pesquise no TSE.
- Deus acima de todos. Brasil acima de tudo ou ame-o ou deixe-o.

É uma bela manhã nublada para um solitário passeio a beira rio e sentir a paisagem em derredor enquanto da barrenta água do Ribeirão Ipanema parece vir um canto de iara cuja magia combate a marrom falta de raciocínio a imperar no Brasil.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Cleber L. Assis, Cleiser Coura, Kerley H.M. Almeida e Patrick Castro.

Recomendo a leitura de:
"Hermana Mía", de Alex Blame:
“Apocalipse”, de António MR Martins:

* FROBENIUS, Nicolaj. Vou Lhe Mostrar o Medo. Eliana Sabino (trad.). São Paulo: Geração Editorial. 2012. P. 22.

Diquinhas de português:
¹ Porque e por que:
“Porque” é conjunção e tem uso semelhante a: pois, já que, uma vez que. Veja os exemplos: “Faltei à aula ontem porque estava doente”. Se disser: ‘Faltei à aula ontem, pois estava doente’ ou ‘Já que estava doente, faltei à aula ontem’ o sentido é o mesmo. “Perdemos o jogo porque nosso adversário jogou melhor”. Ou ‘Perdemos o jogo uma vez que nosso adversário jogou melhor’ ou ainda ‘Perdemos o jogo, pois nosso adversário jogou melhor’ compreendem-se as mesmas ideias.
“Por que” é a sequência de uma preposição (por) é de um pronome interrogativo (que). Equivale a “por que motivo” (São esses os motivos por que voltamos) e a “por qual razão” (Não sei por que razão o senhor acha isso). Pode-se observar que estes dois exemplos não são perguntas; portanto “por que” nem sempre será usado para perguntar algo. Contudo, também pode, e deve, ser usado em frase interrogativa direta: Por que você saiu tão cedo?
Conjunção significa união, ajuntamento. E na gramática é a palavra que liga orações ou frases. É importante entender que as conjunções são sempre expressas por uma palavra (“mas, logo, pois, como” etc.). Se tiver mais de uma palavra com valor conjuntivo estaremos diante de uma locução adjetiva (“a fim de, à medida que, de modo que” etc.).
Locução é, na gramática, duas ou mais palavras que equivalem a uma só.
² A ver:
Significa combinar, estar de acordo. Exemplo 1: ‘Seu comportamento não tem nada a ver com seriedade do momento’; é como se dissesse ‘Seu comportamento não combina com a seriedade do momento’ ou ‘Seu comportamento está em desacordo com a seriedade do momento’. Exemplo 2: ‘As palavras dele têm a ver com o livro’; ou seja, ‘As palavras dele combinam com o livro’.
Já “haver” tem sentido de possuir ou ter: Mesmo sem nada haver falado, foi chamado de fofoqueiro (Mesmo sem ter falado, foi chamado de fofoqueiro).
As informações acima (exceto o que é conjunção) foram retiradas do aplicativo para celular “Gramática de Bolso”. Recomendo este aplicativo.

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Ribeirão Ipanema – fotos do autor – manhã de 09 de dezembro de 2018.
Rubem na Figueira – foto de Faire – 2018.

Ideia inicial escrita na tarde de 06 de maio de 2018. Ampliado e trabalhado entre 10 de novembro e 09 de dezembro do mesmo ano.